terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Há lampreia?

 Existem coisas que nos parecem tão naturais que nos esquecemos que para os outros são coisas estranhas.
 
 Por mais estranho que possa parecer falo da associação de Esposende e da lampreia.
 
 Para os naturais do concelho a lampreia é um produto característico do concelho mas para quem cá não vive a confeção de lampreia, sempre muito apreciado nesta altura do ano, por estas paragens é visto muitas vezes como uma novidade, até algo exótico.
 
 Ainda hoje reajo com estranheza quando habitantes de Braga, Porto ou Viana do Castelo vão para Monção, Sever do Vouga, Gondomar ou até Barcelos para comerem uma lampreia e com mais estranheza reajo quando essas pessoas me dizem que desconheciam que existe lampreia em Esposende.
 
Mas isso deve-nos dizer alguma coisa.
 
Folheando as páginas dos jornais nacionais e percorrendo as redes sociais vemos facilmente que hoje em dia são mais do que muitos os festivais do prato e que para ter uma presença significativa neste panorama vamos ter de gastar mais algum dinheiro em publicidade.
 
O que fazer?
 
Apostar verdadeiramente no Festival da Lampreia? Existindo já um evento criado, este teria de ter outra publicidade e integrar os restaurantes do concelho para ganhar outra projeção e para servir de catalisador para a divulgação do prato.
 
Apostar na publicitação do prato e dos restaurantes aderentes? Existindo na restauração quem já se dedique à confeção poderíamos pensar em algo no mesmo modelo que o "Sabores de mar". 
 
Não sou especialista da restauração e do turismo, mas que algo têm de ser feito, isso têm. 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Verde, precisa-se

A propósito do lançamento da primeira pedra das obras de remodelação do adro da capela da Senhora da Saúde, lê-se, na nota informativa, que «o adro da Senhora da Saúde é o maior espaço verde da cidade de Esposende.»
A alusão deve fazer corar de vergonha os esposendenses. Ao pé de espaços verdes de outros municípios, o adro da Senhora da Saúde é um quintal.
A cidade de Esposende apresenta reduzida dimensão geográfica. E, infelizmente, todos os espaços disponíveis são aproveitados para outros fins que não a vertente ambiental. Ainda estará presente na memória de muitos a conversão do largo dos bombeiros em parque de estacionamento. 
A falta de espaços verdes é uma lacuna constantemente apontada à cidade, por locais e forasteiros. Nem o tão ambicionado Parque da Cidade conseguiu, à data, ganhar forma, apesar de anunciado por diversas vezes. E, enquanto a obra de regime não tem início, permanece o absoluto vazio de ideias (ou de vontade política) para dotar a cidade de espaços verdes. 
A título de sugestão, poderia ser equacionada a reconversão do espaço entre o Tribunal e o Posto de Turismo num espaço verde, o qual, com interessante dimensão, acrescentaria valor à cidade. E outras alternativas poderão ser apontadas. Havendo vontade, muito mais poderá ser feito pelo ambiente na cidade e o mote «Esposende, um privilégio da natureza» ganhar, consequentemente, ainda mais sentido.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Berta Viana,PAF 2.0

O CDS Esposende apresentou as linhas gerais para a sua ação política no concelho e isso é sempre um momento para fazer leituras e consolidar teorias.
 
Antes da política concelhia apetece-me fazer um comentário ao CDS nacional, já que é de saudar a reciclagem de Ribeiro e Castro e longe vão os tempo em que Ribeiro e Castro era uma persona non grata no CDS e assobiado por todo o congresso. Depois de ter representado uma pequena pausa na teocracia de Paulo Portas, Ribeiro e Castro surge mais próxima da direção nacional do CDS numa aproximação que pretende aproveitar a orfandade do CDS de Paulo Portas.
 
Para a política concelhia tivemos algumas notas interessantes.
 
A primeira é que o CDS estará representado em todas as freguesias do concelho. Um momento importante para a vida política do concelho já que mais candidatos significa mais soluções, mais ideias, mais análise, mais críticas e maiores exigências. Espero que os candidatos do CDS não se mostrem apenas na campanha eleitoral mas no resto do tempo dos mandatos.
 
A segunda é que Berta Viana foi colocada de lado como possível candidata à Câmara Municipal, pertencendo agora ao grupo de trabalho que vai definir o perfil do candidato que o CDS vai apresentar ou apoiar. Aliando estas declarações às declarações já efetuadas por João Pedro Lopes no início do seu mandato quando disse que todas as soluções para as Autárquicas estavam em aberto deixa-nos em a sugestão subliminar que o CDS está inclinado para prescindir de um candidato próprio e apostar na conquista de eleitorado por todo o concelho em 2017 e em 2023 partir para um candidatura mais forte e concreta.
 
A terceira e mais interessante é o comentário de Berta Viana sobre a vida interna do PSD.
 
Arremessar para a plateia que o PSD nunca imaginou que Benjamim Pereira fosse presidente da Câmara Municipal deixa muitas questões na minha cabeça.
 
Depois de muito se ter especulado sobre a proximidade de Berta Viana com o PSD este comentário deixa a entender que afinal existia mesmo uma grande cumplicidade entre a vereadora e algumas fações do  PSD Esposende que estavam descontentes com o candidato escolhido pela própria concelhia e que o viam como um candidato fraco.Ao desvalorizar Benjamim Pereira e sendo ela o membro principal do grupo que vai escolher o candidato do CDS dá claros sinais que uma coligação com o PSD está posta de parte.
 
Aliando estas duas ideias à possibilidade de o CDS apoiar uma candidatura independente estão mais do que reunidas as condições para o apoio do CDS a João Cepa o que, e isto é apenas a minha imaginação, o CDS se coligaria com aquele que o PSD realmente queria como líder, uma espécie de PAF renovada.
 
Mas pode ser que o desenrolar dos acontecimentos me desmintam.
 

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Oficinas

Fazendo um "zapping" pelos canais generalistas em horário nobre e, ao fim de semana, o denominador da oferta é comum, quase sempre estão a ser transmitidos programas de "talentos". Ora seja dança, ora música, ora uma "crew", ora um contorcionista, ora outros tantos outros "talentos" por ai escondidos à espera do seu lugar na ribalta televisiva.

Não sou contra isso, acho que se forem bons talentos devem ser encorajados a continuar, senão a fazer disso vida, pelo menos a fazer disso uma ocupação com reconhecimento merecido.

Ao ver esses programas de "talentos", eis que me assolou uma questão relacionada com a minha terra, com a nossa terra.

A cidade de Esposende está dotada, desde há algum tempo, de uma Casa da Juventude, uma requalificação da antiga Escola Primária - a minha escola primária - e que ainda hoje me causa arrepios de saudosismo sempre que lá entro. Esta Casa da Juventude, que tem vindo a ser dinamizada com várias actividades para os jovens e menos jovens, integra também nas suas instalações a Escola de Música de Esposende, que tantos talentos tem desenvolvido no Concelho e, à imagem do vereador do Desporto e Juventude, Rui Pereira, mostra o seu dinamismo.

Em jeito de proposta e uma vez que consultando o plano de actividades podemos verificar que existem muitos atelieres ou oficinas, sejam de dança, de pintura ou outros, que trabalham os “talentos” apresentados nos famigerados programas de televisão, porque não ir mais longe? Numa vertente diferente, porque não um atelier de "engenharia para miúdos"???

Um conceito simples e didáctico com umas oficinas de experiências mas num ambiente mais descontraído do que a escola, onde aprendessem experimentando conceitos tão básicos como a inércia, a lei de Arquimedes, as leis de Newton, como funcionam os seus carros telecomandados, como se faz um "barco a vapor", como funcionam os robôs, como funcionam os telemóveis, a televisão e tantas outras coisas que fazem parte do nosso e do seu quotidiano.

Quem sabe até com pequenas achegas de mecânica, electrónica e informática não se poriam os jovens a fazer pequenos autómatos, chegando mesmo à possibilidade de lançar um concurso de robótica no concelho e, quem sabe um dia,  lançar uma equipa de Esposende nos concursos nacionais e internacionais?
Porque não???

Quem sabe não estaríamos a despertar o gosto por áreas das quais muitos jovens fogem porque têm matemáticas ou física.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Sandokan, o tigre de papel

Muito se tem falado nestes últimos tempos sobre a deslocação da empresa Sandokan para Esposende e o gorar dessa hipótese.

Vivo na profunda convicção que Esposende não chegou a esse ponto de desenvolvimento que lhe permita deixar passar este tipo de investimento no concelho e de deixar passar mais uma possibilidade de aumento orçamental. Sei também, que ao contrário do que foi ventilado em alguns fóruns, a instalação  Sandokan não iria trazer um rol de novos empregos já que estamos a falar da transferência da sua base logística onde a estrutura a implementar seria a já existente, mas reafirmo que os preferia ter em Esposende do que em Viana do Castelo.

A reboque desta questão foram também levantadas algumas questões sobre a pertinência de existir indústria “pesada” em Esposende.

Posso ser um idealista, mas quando pensamos no desenvolvimento do concelho temos de pensar que a população residente é heterogénea em termos de formação académica e ou estamos dispostos a encaminhar as futuras gerações para um determinado caminho ou temos de pensar como tornar as medidas mais abrangentes.

Percebo em parte o ponto que é defendido por vários, e que aqui foi defendido pelo correligionário de blog João Felgueiras, ressalva que um dos caminhos para Esposende é o de tentar atrair as empresas dedicadas às novas tecnologias que não criam tanto impacto ambiental e trariam novas pessoas para o concelho mas este tipo de indústria apresenta uma amplitude de aplicação a quem já mora cá mais reduzida.

Sei também, pelo que já foi dito em público, que a direcção camarária não vai procurar instalar indústria “pesada” em Esposende já que na visão desta Esposende deve-se resguardar do desenvolvimento industrial mas sejamos realistas: nos dias que correm e com a legislação em vigor poucas serão as indústrias que representam um grave risco para a saúde pública e para o meio-ambiente.

A Solidal vive paredes-meias com a Marginal e o Rio Cávado e não é por isso que deixam de ser locais sem poluição.

Aproveitar o espaço entre o Modelo e a Solidal que bordejam o acesso rodoviário à A28 para colocar algumas fábricas, e não lojas dos chineses ou lojas comerciais, seria um bom aproveitamento do espaço e não seria uma ameaça às áreas protegidas. Podemos pensar mesmo em resolver a situação do “Hotel Nélia das fábricas” que representam os antigos terrenos do grupo Quinta & Costa: um local já edificado para exploração industrial que não apresenta um acrescento de pressão imobiliária no local.

Mas destes terrenos falarei mais tarde.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

A frieza dos números


"Os números governam o mundo" - Pitágoras

Há quem goste de números, há quem os deteste. Uma coisa é certa, os números encerram em si as verdades universais. 
Podem ser manipulados? Podem, vemos isso muitas vezes, mas no fim, nas aplicações das regras básicas da matemática,  tudo vem ao de cima... É como o azeite em água!!!

Comecei este texto com uma célebre frases de Pitágoras, o tal da hipotenusa e dos catetos, porque apesar de ter mais de 2000 anos de existência é uma afirmação muito adaptada ao nosso tempo, à qual apenas acrescentaria o dinheiro (que são números, não passam de números). 
Há números para todos os gostos!
Também assim é em Esposende, se por um lado temos uma excelente posição no que concerne à eficiência financeira, 2º na região Norte e 1º  no Distrito de Braga (o que agora dá para dar tudo a toda a gente - é ano de eleições), por outro descemos 75 posições no índice de transparência informativa, passando do lugar 42 (em 2013) para o lugar 117, e baixando 9 posições em 2016. 

Ora, este índice avalia a informação de interesse público divulgado no site do Município. Numa era marcada pela informação digital, esta descida deveria envergonhar quem tutela a informação Municipal; numa altura de informação digital deixar as plataformas digitais "ao abandono" para ter meios de comunicação em papel (que não digo que não) é dar um tiro no pé; em anos que o departamento de marketing e comunicação cresceram, ter este resultado é um desastre.

Mas espelha bem o que se passa no Município e dá ainda mais força às posições que a oposição tem tomado na Assembleia Municipal quando questiona do atraso na publicação das deliberações, atas, etc, etc. 

A ver vamos se este índice melhora, porque não queremos ser 8 numas coisas e 80 nas outras, porque ai seremos um Concelho disforme.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Empresas!!! (Até que a voz nos doa)


Nos últimos dias sugiram um pouco por toda a parte notícias e comentários sobre a implementação de novas empresas nos concelhos vizinhos ao de Esposende, casos de Viana do Castelo ou um pouco mais distantes, como Paredes de Coura. Há quem defenda uma implementação massificada de indústria no concelho de Esposende, há quem defenda que não e que nos devemos guiar por esse lema de sermos um “Privilégio da Natureza”. Ou seja, voltamos a ter várias opiniões e, como em quase todos os temas, as tropas de cada lado da barricada “digladiam-se na arena” que são as redes sociais.

A cada lado dou um pouco de razão, mas acho que Esposende deve, sem sombra de dúvida encontrar um ponto de equilíbrio entre aquilo que é a sua beleza natural e quais os sectores a captar e potenciar para um desenvolvimento económico sustentável e progressista.
Sou contra a implementação da chamada “indústria pesada” no Concelho, a qual colocaria em risco vários recursos naturais, sendo que não estamos vocacionados para tal, mas por outro lado sou totalmente contra a massificação de comércio nas zonas, ditas, industriais.

Com a revisão e aprovação do PDM, o plano dotou o Concelho com áreas de maior implementação industrial e até agora pouco se na execução dessa implementação. Ainda há uns dias mais um caso de uma empresa que não encontrando “aceitação” no nosso concelho se foi instalar em Viana do Castelo, e como essas tantas. E ouve-se à boca pequena, que algumas que cá estão pensam mesmo sair…

Estamos a perder uma corrida contra outros Concelhos? Estamos, estamos em toda a linha. 

Não estamos a saber captar o tipo de empresas que, a meu ver nos interessa, empresas com pouco impacto ambiental, mas com muita criação de valor, empresas cujos colaboradores procuram aquilo que Esposende oferece, ser um “privilégio” (que o é, independentemente de quem está a comandar o destino deste concelho), fazendo com que esses mesmos colaboradores pensem, em tempo futuro, instalar—se no nosso Concelho.

Empresas de serviços, com alta criação de valor, nomeadamente as empresas de carácter tecnológico são aquelas que nos devem interessar.
Esposende tem tudo para a implementação de várias empresas deste sector, não colocam em risco os nossos recursos naturais e têm um potencial empregador imenso. Esposende está bem posicionado em termos geográficos, está a 30 minutos do Porto, de um porto de mar e de um aeroporto, estamos a 20 minutos de Braga, a 10 de Viana, para além disso e face à falta de um Pólo Universitário em Esposende, podemos aproveitar os Pólos destas três cidades.

Esposende ao longo dos últimos 20 anos dotou-se de várias infraestruturas, requalificou zonas junto ao rio, em vários pontos das várias freguesias, o que torna o nosso concelho um dos mais aprazíveis para se viver, o que contribuiu para uma qualidade de vida que muitos procuram.

Mas então o que falta?

Falta muita capacidade de inovação, muito engenho e por vezes acho que falta predisposição para tal… Fala-se de uma incubadora de negócios há demasiado tempo (parece que agora verá a luz do dia), quando muitos dos Concelhos vizinhos já o fizeram há tantos ou mais anos do que o nascimento da ideia no nosso concelho.

Meus Senhores, as empresas não vão bater à porta da Câmara, a Câmara é que tem de estar atenta e bater à porta das empresas. Olhem o exemplo da Farfetch, uma empresa que necessitou de relocalizar e claro, quem lhes bateu à porta foram os responsáveis Portuenses que conseguiram instalar a empresa na zona industrial da Lionesa enquanto outros Municípios viram o comboio passar. Temos de olhar para os exemplos, como este e outros, em que o Porto se “mexeu” e se tornou um local atractivo, mas não tarda estará sobrelotado e devemos estar preparados para aproveitar esse factor.

Num mandato que tinha como “bandeira” o crescimento e desenvolvimento económico, parece-me, ficamos muito aquém do esperado.


Perdemos o comboio, mas ainda podemos apanhar a última carruagem!!! 

sábado, 4 de fevereiro de 2017

O Sal de Esposende.

Qualquer esposendense minimamente informado sabe que o concelho de Esposende nasceu da extração do sal, mas também sabe que raramente esse imaginário é explorado no concelho.

Era interessante retomar essa herança que esteve connosco até cerca de 1400 e que levou o nome de Esposende aos mais diversos portos da Europa, da Rússia à Grécia, e nos tornou um pilar essencial no jogo de poder entre dioceses (e distritos administrativos) enquanto existiram salinas no nosso concelho. 

Uma feira, um colóquio de conferências, atividades nos locais das antigas salinas era algo que nos poderia aproximar  desta herança e ter um evento claramente diferente no panorama nacional.

Sei bem que seria mais contemporâneo falar da clarinha ou do sargaço e que para estas duas temáticas haveria maior disponibilidade de meios e do interesse das entidades privadas mas o sal é algo mais transversal a todas as freguesias englobando não só as freguesias costeiras como as freguesias para lá dos montes.  

Se aproveitamos o Castro de São Lourenço para a Galaicofolia porque não aproveitar o sal para um novo evento?

Fica a dica.  

Mau tempo no canal.

O famoso canal de escoamento de águas vai continuar a dar que falar.

Agora é a avença de 25.000 euros que foi atribuída a um advogado para garantir os serviços do dito advogado para os processos que surgirão dos proprietários de terrenos que se sentem lesados a causar alarido.

É com admiração que vejo esta atitude de "disparo primeiro, pergunto depois" das autoridades camarárias, já que valeria mais a pena perceber o que pedem os proprietários e esgotar a via diplomática, antes de partir para uma guerra que se vai arrastar durante anos nos tribunais.

Mas se o processo do canal está a ser complicado, esquecer o que nos levou até ele é uma garantia de que teremos mais "canais" para resolver no futuro.

Construções selváticas, desrespeito pelos mais elementares princípios do balanço natural dos lugares e uma ignorância alarmante sobre o que se pode ou não fazer com os terrenos foram a receita para termos inundações na base de um monte e uma situação explosiva numa zona que há uns anos teria apenas de se preocupar com o aluimento de terras.

Vejamos como irá correr.