sábado, 31 de maio de 2014

Câmara dos Segredos

Muita preocupação devia ter a sociedade Esposendense!
Nos últimos anos temos vivido tempos de grande incerteza a nível nacional, mas também a nível local. 
É certo que a nível local tudo se mantém estável faz vários anos, que há uma política de continuidade e que muita coisa foi feita. No entanto há agora uma ruptura na forma como a comunicação é feita, causando a instabilidade.
Essa comunicação tem vindo a ser uma "montanha russa de emoções"; ora são as notas informativas camarárias que mais parecem a propaganda do partido, ora são as mesmas que aparecem desprovidas de conteúdo, sendo inócuas para quem as recebe. 
Há quem diga: "mais vale isto que não ter", pois eu acho precisamente o contrário. 
Já tive oportunidade, em sede própria, de chamar a atenção para este assunto. Vamos dar tempo ao tempo...

Mas a realidade é que neste momento, a Câmara parece a "Casa dos Segredos", em que revelar alguma coisa pode levar à expulsão; só falta mesmo uma "Teresa Guilherme" para apresentar tão grande "trapalhada". 
É que o segredo sobre como serão geridos os dinheiros da "coisa" pública, não é propriamente um segredo que agrade aos munícipes, ou, pelo menos não deveria ser. 
Acho fantástico que haja milhões de euros para aplicar e para "fazer obra", mas que ninguém saiba para quê e quando confrontado com estas questões, o nosso edil responda "vamos manter em segredo, o segredo é a alma do negócio". 
É claro que há detalhes que não se devem revelar, mas no seu conjunto, há que esclarecer os munícipes para onde é direccionado o dinheiro dos seus impostos, para que os mesmos se sintam esclarecidos e possam efectivamente fazer uma "democracia participativa".

Acho que já está ultrapassada a ideia que "o segredo é a alma do negócio", penso claramente que "a alma é o segredo do negócio".

A ver vamos se os segredos são revelados ou se levam a expulsão... Podem sempre revelar o que pretendem fazer sem entregar "o ouro ao bandido". Façam, mas façam bem...

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Esposendenses pelo Mundo (4)

Dário Ferreira de Jesus, 29 anos, natural de Fão, é biólogo e reside em Boston, Estados Unidos, onde trabalha na prestigiada universidade de Harvard.

Em terras do Tio Sam, na cidade onde residem os Boston Celtics e os New England Patriots, fomos falar com este jovem esposendense espalhado pelo mundo, e conhecer um pouco da sua história e das suas impressões sobre os Estados Unidos e Portugal, nunca esquecendo, claro está, a terra que o viu nascer e crescer.
Imagem: Dário Ferreira de Jesus, Los Angeles

Há quanto tempo vives nos Estados Unidos?

Estive aqui durante um ano, entre 2010 e 2011, a fazer a parte experimental do meu mestrado. Voltei para Portugal e depois, em Janeiro de 2013, regressei a Boston para o meu doutoramento.

Qual foi a primeira coisa que te impressionou em Boston ao cabo dos primeiros dias?

A primeira das primeiras foi a simpatia das pessoas mais velhas.
Para exemplificar basta falar das primeiras 2 horas do meu primeiro dia de trabalho, em que resolvi caminhar uns 40 minutos até ao meu Instituto e, como normalmente acontece, perdi-me. Mal tenho o mapa na mão e coloco os meus olhos no horizonte uma senhora, fazendo o seu “jogging” matinal, pára e imediatamente pega no seu “iphone” e pergunta-me para onde quero ir. Imediatamente a seguir, enquanto esperava para atravessar um cruzamento, uma senhora começa a falar comigo do jogo da última noite dos Boston Red Sox. 
E os exemplos continuam como as conversas de elevador e os pequenos diálogos quando vamos simplesmente buscar um café.

Quando pensamos na América, pensamos em “sonho americano” e “terra com oportunidades para todos”. Sentes que essa fama dos EUA mantém, nos dias de hoje, o seu proveito?

Eu cresci a ouvir histórias contadas pela minha mãe das façanhas do meu avô no período antes 25 de Abril. Histórias da clandestinidade, da distribuição de panfletos ilegais nas madrugadas do 1 de Maio, das fugas para Espanha e do contrabando e, como tal, os Estados Unidos chocam com muitos dos meus ideais, especialmente no que respeita ao direito à educação e saúde tendencialmente gratuitas.
Contudo, ainda não descobri outro país no Mundo em que a cultura do mérito esteja tão enraizada nas estruturas organizacionais públicas e privadas como neste. Aqui a cultura da “cunha” e dos cartões partidários é condenada e muito mal vista.
Portanto, através do trabalho pelo trabalho é possível a qualquer um progredir, fazendo com que o “sonho americano”, cunhado pelo James Truslow Adams, continue a ser uma realidade, ainda que sem a pujança de outras décadas.

Estás a trabalhar na Harvard Medical School, uma faculdade de excelência a nível mundial e bastante prestigiante, e que qualquer jovem estudante universitário associa como o topo das universidades. Como é que é ser investigador em Harvard?

O primeiro impulso leva-me a responder que ser investigador em Harvard é idêntico a ser investigador na UTAD, UP, UA ou em outras tantas Universidades Portuguesas, com a diferença de aqui existem todas as condições materiais e humanas para se realizar a melhor investigação do Mundo.
Numa resposta mais ponderada diria que ser investigador em Harvard é trabalhar num ambiente de competição desmedida, com um ritmo frenético, sem horário de saída nem descansos semanais. Pautado pela multiculturalidade e numa disciplina de “fishing” científico em contraste à ciência orientada para responder a hipóteses.

Estás neste momento a fazer o doutoramento, fazendo investigação na área da diabetes.

Sim, estou no programa doutoral da Universidade do Porto – GABBA mas a fazer a parte experimental nos EUA, e tecnicamente deverei terminar em 2015.
Estou envolvido em diferentes projectos mas o principal foca-se na forma como pais e mães diabéticos transmitem a predisposição para o desenvolvimento da doença aos seus filhos.
A diabetes está a crescer exponencialmente e Portugal, com uma prevalência de diabéticos diagnosticados a rondar os 7% e de não diagnosticados os 5%, não é excepção.
É uma doença complexa e de grande componente genética, contudo, na última década tem crescido o interesse em outra área – a epigenética. E a epigenética não estuda alterações dos genes (os blocos que constituem o nosso ADN) per se mas sim modificações químicas que esses genes sofrem e que alteram a forma como eles são expressos e transmitidos de geração em geração.

Portugal, é um desafio profissional a médio/longo prazo, ou as tuas expectativas profissionais passam por continuar nos EUA ou noutro país de forte tradição na tua área?

As oportunidades em Portugal são escassas e hoje em dia aqueles que as agarram são principalmente investigadores com um curriculum extraordinário, ou, felizmente cada vez em menor número, com um factor “C”. Portanto, preciso de enriquecer o meu CV e quero terminar o meu doutoramento nos EUA e de seguida realizar um pós-doutoramento num país europeu onde existam boas condições para se fazer ciência como Inglaterra, Alemanha, Suíça ou Suécia, com o objectivo final de devolver ao meu país o investimento que ele fez na minha educação a médio/longo prazo.

Quais são as principais diferenças que notas entre Portugal e os Estados Unidos?

As diferenças são muitas e é um exercício bem complicado referi-las.
Contudo, a diferença que salientaria é o patriotismo. É certo que o patriotismo é uma coisa desmedida neste país e exemplo disso é o facto de, muito provavelmente, se cantar o hino antes de um jogo de berlinde, mas gostava de ver Portugal um pouco mais patriótico e com confiança em si. Quem vai alguma vez esquecer aquele ambiente que se viveu no Euro 2004? Acho saudável.
Imagem: Baixa de Boston

Como é que caracterizas o típico “americano”?

O típico americano tem 3 a 5 filhos, uma casa com jardim, dois carros e com isto tudo 3 empréstimos ao banco para pagar. 
O carro da mulher é familiar e o dele é um toyota. O homem trabalha, a mulher fica em casa. O americano fala alto em público, ri-se de coisas que não têm piada e é convencido de que sabe.
O americano nascido cá olha para os estrangeiros com desconfiança, usa meia branca, no Inverno usa coisas da “North Face” e no verão usa uns calções apertados às cores e sapatos de “bela” (para vos facilitar a imagem, pensem no “menino tonecas”). Quanto a elas, bom, elas simplesmente usam “leggings” pretas “push-up” no Verão ou Inverno e são umas histéricas quando conversam umas com as outras.
Em transportes públicos estão todos com os “smartphones” nas mãos e de lá não tiram os olhos. 
O típico americano só come comida que não é americana e passa a vida em bares desportivos a ver todo o tipo de desportos com uma cerveja local na mão
Por fim, dentro de cada americano vive uma tia nossa, uma daquelas que não se cala e conta coisas de que não nos interessa para nada e a quem nós vamos acenando a cabeça.

Ainda há muitos americanos a confundir Portugal com uma região de Espanha?

Sim, há bastantes americanos que não fazem a mínima ideia de onde fica Portugal. Mas isso até não acontece muito em Boston. Com efeito, Boston possui mais de 50 Instituições de ensino superior e, como tal, a sua população é, na generalidade, bem instruída. 
O mais comum é os americanos saberem que Portugal é um país europeu soberano, mas têm bastantes dúvidas em relação à nossa língua. Alguns pensam que é espanhol. E o mais frequente é não saberem a magnitude dos falantes de língua Portuguesa, uma vez que muitos pensam que os brasileiros falam espanhol. Mas não os condeno. Os Portugueses sabem o nome de todos os 50 estados Americanos ou a sua localização? Só para atravessar os EUA de costa a costa são 6 horas de avião.

Já tiveste oportunidade de fazer a famosa viagem de carro “costa a costa”? Alguma viagem que tenhas feito nos EUA e gostado particularmente?

Ainda não tive tempo, mas será realizada.
A coisa mais parecida a isso foi ter voado com amigos para San Diego e depois seguido de carro para Los Angeles, Las Vegas e, por fim, San Francisco, ao longo de duas semanas.

Como vês Esposende a partir de Boston?

Uma cidade pequena e calma com o necessário para viver, criar família e trabalhar nas cidades maiores das redondezas. Gostei de ver o investimento na marginal e tenho a sensação de cada vez que volto a Esposende ver mais gente a praticar actividades ao ar livre.
  
Que medida prática/funcional aí existente achas que poderia muito bem vir a ser aplicada em Esposende?

Embora a anos-luz de muitos países nórdicos, Boston tem investido em ciclovias e muita gente utiliza a bicicleta como veículo de transporte, incluindo eu, portanto as ciclovias deveriam ser alargadas à maioria das freguesias do concelho de Esposende. E por fim, de uma vez por todas, devia-se andar com o Parque da cidade para a frente.

Quem visita Boston, que lugar e que prato não pode perder?

Qualquer pessoa que aprecie minimamente o Outono devia ter a possibilidade de passar um final de tarde no “Boston Common”. Eternizado no filme o Bom Rebelde (“Good Will Hunting”) é um parque absolutamente grandioso. Quem visita Boston não pode perder um “Clam chowder” – uma sopa de ameijoas característica de Boston.
Imagem: Boston Common

Para além da família e amigos, o que sentes mais saudades de Esposende?

Estranho provavelmente para muitos, aqueles de quem mais senti falta sempre foram os meus cães. Tentei tantas vezes…mas nunca consegui falar com eles, mas entendíamo-nos bem de qualquer forma. Às vezes tenho mais dificuldades em conseguir perceber alguns investigadores em Harvard e não é um problema linguístico.
Tenho uma saudade danada dos Verões em Fão e das noites do Pacha. E por fim, o pôr-do-sol de Ofir.

Ao voltar a Esposende qual o lugar que te apetece sempre voltar?

Naturalmente, à restinga de Ofir.


Esposendenses pelo Mundo” é uma rubrica que pretende dar a conhecer os “esposendenses” espalhados pelos 4 cantos do mundo, partilhando as suas impressões sobre os novos lugares que habitam, os povos e culturas com quem convivem, e o seu olhar sobre a terra que os viu nascer e crescer.
Se conheces algum “esposendense” espalhado pelo mundo, ou se és tu próprio um “esposendense” espalhado pelo mundo, e gostasses de ver a sua/tua história aqui partilhada, escreve para largodospeixinhos@gmail.com, com indicação do nome, país e contacto de e-mail ou FB.  

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Algumas curiosidades locais das eleições europeias


1. Só eles sabem porque ficaram em casa

Com 68,58% de abstenção registada, Esposende foi o segundo concelho do distrito de Braga a registar ontem maior falta de comparência às urnas. Só ficou atrás de Amares, que teve uma taxa de abstenção de 69,17%.

E a praia até nem pode servir de grande pretexto para possíveis justificações, pois ontem foi um daqueles dias de nortada em Esposende.

2. É sempre a aviar!

A Aliança Portugal venceu no Concelho, com 4389 votos, mais 2017 do que o PS.

Mais uma vitória para a colecção do arco PSD/CDS.

3. O Quarto Elemento

A CDU volta a terminar mais uma eleição no concelho de Esposende em 4.º lugar.

Nem a excelente campanha de João Ferreira, nem o facto de PSD e CDS irem coligados, valeram à coligação democrática unitária a possibilidade de terminar a noite eleitoral como 3ª força em Esposende. Marinho e Pinto conseguiu terminar à sua frente!!!

4. Em Esposende ninguém fica de fora!

16 partidos apresentaram-se a votos em Portugal para as Europeias 2014. E todos, sem excepção, mereceram a confiança do voto em Esposende. Pelo menos 10 esposendenses votaram em todos eles.

5. 983

O total de esposendenses que votaram branco e nulo. Um número que dá que pensar.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Maison a Esposende, oui bien sur!

Decorreu, no passado fim-de-semana, a 3ª edição do Salão Imobiliário de Paris, evento que contou com uma forte participação portuguesa, desde agências imobiliárias passando por alguns escritórios de advogados.
A razão é muito simples: Portugal, com os seus regimes do "Visto Gold" e dos "Residentes Não Habituais", tornou-se num destino bastante apetecível para investir, em troca da concessão de um visto de residência e da possibilidade de circulação pelo espaço Schengen, no caso do "Visto Gold", e da aplicação de um regime fiscal muito mais favorável, no caso dos "Residentes Não Habituais".
Relativamente ao "Visto Gold", prevê-se a atribuição de um visto de residência para quem, entre outros investimentos admissíveis, adquira um imóvel com valor mínimo de € 500.000.
Quanto aos "Residentes Não Habituais", prevê-se que para quem mudar a sua residência fiscal para Portugal, possa beneficiar, durante 10 anos, de um regime fiscal vantajoso, desde taxa fixa de tributação de 20% para rendimentos do trabalhado dependente ou independente de atividades de "elevado valor acrescentado", passando pela isenção aos rendimentos derivados de pensões que, na maior parte dos casos, não serão tributados nem no país da fonte (por exemplo, França), nem no novo país da residência (Portugal).

Sendo este um blogue dedicado a Esposende, peço, desde já, desculpas por esta introdução demasiado longa e aparentemente fora dos princípios do blogue, mas, como adiante melhor se verá, ela serve para o seguinte propósito:

Tendo Esposende uma série de empresas imobiliárias, com muitos imóveis por vender, e tendo presente a forte comunidade esposendense espalhada por Brasil ("Visto Gold"), França ou Suécia ("Residentes Não Habituais"), este é um claro caso em que faria todo o sentido procurar dinamizar a economia local, promovendo Esposende (que é, por exemplo, um destino turístico apetecível para pensionistas nórdicos) naqueles países e tentar aí captar investimento.
Sendo a «Economia» uma área de aposta do executivo de Benjamim Pereira, parece-me bastante óbvia e pertinente a criação de um Gabinete de Apoio ao Investimento, na linha, aliás, do que tem sido feito em Braga com a InvestBraga. Pensar e pôr em prática Esposende como um destino de investimento e empreendedorismo. 
Estranhamente, porém, o único Gabinete criado até à data, neste mandato, foi o de Apoio às Juntas de Freguesia
É pois, conveniente, «ruipereirarizar» a forma e termos de actuação do Executivo na área económica, de forma a que Esposende esteja na frente do pelotão das autarquias que têm desenvolvido iniciativas e projectos tendo em vista a captação de investimento e empresas.

sábado, 10 de maio de 2014

Dunas movediças?

“…Cheia dos maus e bons cheiros
Das casas que têm história,
Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória
De antigas gentes e traças,
Cheia de sol nas vidraças
E de escuro nos recantos,
Cheia de medo e sossego,
De silêncios e de espantos, …”

Toada de Portalegre, José Régio
Existem casas que são novas e que não têm cheiros mas que têm histórias e que encerram medos, silêncios e espantos. Como costumo escrever nestas páginas, Esposende é um local cheio de particularidades  e esta é uma delas.
Falo claramente da casa nas dunas da praia de Esposende-Cepães.
Esta casa não é apenas uma casa, é resultado de tudo o que está mal no poder autárquico, deveria ser uma das vergonhas do executivo que a permitiu e é o exemplo do que uma sociedade anestesiada pode permitir.
Num concelho em que as zonas ambientais protegidas se tornaram sacrossantas e onde qualquer alteração ou possibilidade de alteração do ecosistema se torna motivo de escrutínio severo pelas autoridades competentes torna-se difícil de explicar como se permitem construções nas imediações dessas zonas.
Num concelho que se esforçou por sensibilizar as populações para as dunas e a necessidade imperiosa da sua conservação, onde se ponderou a demolição de algumas das casas que foram construídas em cima destas durante os anos 60, 70 e 80, a explicação de como nasce uma construção no meio delas é algo que carece de motivos muito válidos para a sua aceitação.
Num concelho onde os PDM's nestas zonas ambientais protegidas eram autênticos dogmas católicos, descobrimos que ainda existia um pequeno pedaço de terreno urbanizável numa das mais cobiçadas zonas do distrito, porque não dizer da orla costeira. O facto de este pedaço de terreno ter passado em claro durante anos e anos e anos é algo que poderia significar a enorme incompetência de quem negoceia no imobiliário, mas não me parece.
Mas sejamos claros e concisos nesta questão, porque sei bem que a resposta burocrática me dirá que tudo está correto, tudo está legal, o terreno era legalmente urbanizável porque estava no perímetro urbano, a licença de construção respeita tudo, o proprietário pagou todos os impostos ,etc , etc.  
Claro que estava tudo conforme, não esperaria outra coisa, certo? Mas o que deveria estar em ordem era a ética do executivo camarário.
Mas como é possível que não houvesse por momentos de lucidez que evitasse o executivo de cair no ridículo de construir a 1 metro do painel da área protegida? Como não houve lucidez para evitar aquilo que já se havia tentado evitar há mais de 30 anos, a urbanização daquele local? Como foi possível que a autarquia dissesse que nada poderia fazer já que era permitido construir?
Para quem não se lembra, e aqui vai a nota histórica, aquela zona já havia sido alvo tentativa de urbanização e Losa Faria despoletou o processo para que aqueles terrenos não fossem urbanizáveis. Esse processo levou à criação da APPLE, que fazia a gestão do espaço, e mais tarde do POOC,  o plano para a ordem costeira e que assim retiraram os terrenos da orla da Câmara Municipal ou do PDM comum em 1987. Segundo a Câmara Municipal de Esposende em 2007, 20 anos depois, os terrenos por magia passavam a estar sobre o PDM comum e prontos a serem urbanizádos.  
Por isso, muito se podia ter feito porque muito já havia sido feito. Bastava querer, bastava vontade, bastava engenho e um pouco de inteligência.
Espero que esta casa seja a casa dos medos e dos espantos, o medo de novamente cair no ridículo.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Corrida da Primavera

Em boa hora Rui Pereira e a sua equipa decidiram introduzir Esposende no calendário das corridas de estrada, em Portugal!
Nos últimos anos a prática da corrida intensificou-se a olhos vistos, tornando-se mesmo até num fenómeno viral (para empregar uma expressão tão em moda nestes últimos tempos).
Esposende, pela sua localização privilegiadíssima, oferece um palco sem paralelo a centenas de profissionais e amadores que apreciam correr ao ar livre. Bem junto ao rio, e com o mar no horizonte, haverá lugar melhor para correr 10km? Poucas cidades poderão apresentar idênticas credenciais, certamente.
A Corrida da Primavera está a fazer o seu percurso no panorama desportivo. Em comparação com a anterior edição, regista-se o aumento assinalável do número de participantes.
O percurso, esse, manteve-se inalterado. Para a edição do próximo ano talvez arriscasse, aquando da incursão pelo Farol, numa subida até ao "redondo", no que seria uma junção fantástica de rio e mar.
Outra sugestão prende-se com os "padrinhos" da prova. Mais uma vez voltámos a contar com Aurora Cunha no incentivo aos atletas. Mas as jóias da "coroa" não podem ficar de fora! João Ribeiro, Teresa Portela ou Paulo Gonçalves, destacados atletas esposendenses, podem e devem ser aproveitados na promoção da prova no concelho e além-concelho.
Uma vez que em Julho voltaremos a ter nova corrida em Esposende, seria interessante (a aplicar para o ano) que quem se inscrevesse nas duas corridas tivesse um desconto. Uma forma de poder contar ainda com mais participantes em ambas as provas.
Uma última sugestão respeita à dinamização do comércio local. Está ainda por ser inventariado o impacto da corrida nos restaurantes e pastelarias locais, mas pensando que muitos atletas vêm de localidades vizinhas, e que no final da prova se metem rapidamente nos seus carros para regressar a casa, talvez não fosse mal pensar nalgum pacote que  ajudasse a fixá-los mais umas horas em Esposende. Um pacote que, por exemplo, incluísse, para além de um duche após a prova (balneários da ADE, ciclo ou liceu), € 3 (valor meramente indicativo) em vales de refeição para ser gastos em restaurantes parceiros da prova.
A Corrida da Primavera tem tudo para nos próximos anos vir a ser das provas de 10km mais concorridas, com os consequentes e importantes reflexos na economia esposendense.

sábado, 3 de maio de 2014

Esposende "Vende-se" !

Uma das promessas do novo executivo camarário era a construção do parque da cidade nos terrenos a sul da rotunda da Solidal até à entrada da ponte de Fão.
Relembro também que para este projeto já existia um projeto aprovado, com um esforço financeiro na casa dos 5 milhões de euros, entre expropriações e infraestruturas e que este projeto era visto como um passo importante para a revitalização urbanística daquela zona e pessoalmente via como uma oportunidade de estender à área de utilizável da cidade na zona sul.
Pelo que percebemos da última entrevista de Benjamim Pereira, o parque da cidade passou a ser mais um sonho de uma noite quente de Verão, que não resistiu mesmo com a promessa de apoios externos para a sua construção. Mais do que o anulamento desta obra, o que mais achei estranho foi a rapidez com que vimos o desmantelamento do antigo posto de abastecimento da Galp e a colocação do cartaz “Vende-se”.
Sim, o cartaz “vende-se”!
Mais uma vez e pelo que tudo indica vamos ter mais uma zona com licença de construção.
Não sei se o executivo camarário anda atento ou se costuma percorrer as ruas de Esposende, mas uma pequena volta pelas ruas de Esposende faz perceber que moradias de férias, principalmente na zona norte da cidade, e apartamentos é o que mais existe à venda.
Não sei se o executivo camarário anda atento mas hoje em dia os diretores de agências bancárias de Braga, Barcelos, Guimarães, entre outras, não andam a conceder créditos com a facilidade de outros tempos, ou seja, vender casas para 2ª habitação cada vez menos é uma opção.
Não sei se o executivo camarário anda atento mas hoje em dia com as portagens da A28 e da A11, Esposende já não será o dormitório de quem trabalhe em Braga ou no Porto,  ou seja, a venda de casas para 1ª habitação também não é opção.
Mas, e sendo sincero, o que mais me choca ( e a palavra é esta) é como nos dias que correm o executivo vai permitir mais construção, mais fogos de habitação. Será que é este o caminho que Esposende precisa? É este ímpeto económico que Esposende precisa? A construção civil precisa de ser ajudada desta forma? Não me parece.
É difícil de me justificarem que em Esposende o licenciamento de áreas industriais é difícil, existe falta de espaço para instalar empresas, de falta de espaço para escritórios, de falta de espaço para vias públicas, de falta de espaço para as coletividades do concelho, de falta espaço para espaços desportivos e exista espaço e disponibilidade para mais loteamentos.

É difícil de me justificarem que ativismo é este que faz com que todo e qualquer pedaço de terreno em Esposende tenha de ser loteado e não possa ser utilizado para o bem comum. Que ativismo é este que faz com que ao lado de qualquer espaço público construído tenha de nascer um prédio de habitação para ser viável? Que atavismo é este?

Aquela zona não é apenas uma zona verde cheia de mato, é uma oportunidade para iniciarmos um novo caminho de aproximação entre Esposende, Gandra e Fão.  É uma oportunidade para tornarmos estas 3 localidades mais próximas,  já que quem passe por aquela zona apercebesse que cada vez mais são as pessoas que passam entre as localidades não de carro ou autocarro mas a pé, quer seja na sua caminhada, corrida ou no caminho para o trabalho.  É uma oportunidade para fazer florescer ali novos negócios e estender a zona comercial/industrial de  Esposende ainda mais.
Aquela zona poderia ser uma zona de lazer,  já que se encontra encostada à zona de maior densidade populacional em Esposende e como quem aqui mora sabe, os espaços verdes é algo que rareia, como os parques infantis ou mesmo qualquer espaço de utilização pública.Uma ciclovia, uma via pedonal, uma continuação da marginal naquela zona não seria nada de extraordinário e expandiria a cidade para novas fronteiras.
Esposende não precisa de mais “vende-se” nas suas ruas!