sexta-feira, 10 de abril de 2020

Prescrição anti-COVID19: Consumismo local

 Os efeitos desta pandemia serão graves, disso não temos dúvidas, e ela vai-se arrastar muito para além da última conferência de imprensa da DGS que religiosamente ocorre antes dos telejornais das 13:00. 

 Graves ao nível da saúde, dos naturais receios que se instalam nas mentes de todos até termos uma vacina testada e aprovada e que afectarão a nossa "normalidade" a médio prazo (não sou daqueles que acha que teremos um mundo-novo a partir desta pandemia) mas acima de tudo teremos de pensar o que fazer à nossa economia local. 

 Sabemos que o  turismo/restauração será um dos sectores mais afectados, e que as peregrinações como as dos Caminhos de Santiago irão entrar numa pausa que durará para além do distanciamento social, e que os mercados que habitualmente nos visitavam  também entrarão em recessão, como o caso de Espanha, França e Itália, o que nos traça um quadro deveras negro para estes tempos próximos.  

 Mas nem tudo está perdido. 

O que fazer? Garantir a preferência dos consumidores mais próximos e apelar ao mercado externo de capacidade económica mais robusta! 

Será tão fácil assim? Claro que não!

Todos os concelhos do nosso distrito e dos vizinhos tratarão de fazer algo semelhante, todos tratarão de garantir aos seus estabelecimentos uma linha de vida com a entrada de capitais que lhes permitam "respirar com a cabeça fora-de-água" por isso teremos de ser mais audazes e mais acutilantes na nossa forma de comunicar e percebermos que uma boa parte das famílias vai ser desta crise com o seu poder de compra diminuído, logo, essa será uma linha mestra daquilo que devemos apresentar a quem nos pondera visitar para que efectivamente cá venha. 

 No que concerne aos visitantes externos, e dando como certo que os visitantes por excursões e por peregrinação terão uma forte diminuição nestes tempos próximos, só nos resta concentrar os esforços naquilo que será um turismo de valor acrescentado, com menos pessoas mas com mais capacidade de despender valores mais elevados. Sendo um leigo neste assunto, diria que teremos de nos associar com operadores turísticos mais específicos e  que consigam chegar a este mercado que irá valorizar as poucas aglomerações, a qualidade da experiência, que busca a diferença nos detalhes mais do que as linhas grossas que os operadores de massas vendem. 

 Será quase uma esquizofrenia? Duas personalidades nos mesmos espaços comerciais? Sim...

 Mas como alguém me dizia, sapatos apertados inventam novas danças, e os sapatos ficarão apertados.  
 

terça-feira, 24 de março de 2020

As ruas desertas da cidade!

 O meu primeiro post neste blogue, faz por esta altura 6 anos, foi sobre as ruas desta cidade.

 Não imaginava que passados 6 anos voltaria a falar delas por um motivo muito diferente...

 É impossível não pensar que tudo parece um filme, um conto, uma lenda ao nível das pessoas que andaram de barco na Rua Direita durante as cheias quando hoje vemos dia após dia as ruas desertas, os Largos quase abandonados e reparamos que o corrimão de metal da Marginal ganhou uma fina camada de pó vinda da areia que corre por estes dias no ar.

 Tudo ganha uma nova cor, estranha aos nossos olhos e uma nova roupagem que apesar de nos prender a atenção nos primeiros tempos sentimos que o azul do céu e da água é como uma gaiola dourada: por mais que seja dourada estamos presos.


  "Vai ficar tudo bem", dizem os cartazes, mas teremos que ser criativos e audazes para eliminar o vírus e as sequelas que deixará nas nossas vidas nos próximos tempos.


  Mas no final, ficaremos bem!



quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Correu fazendo o bem

Hoje de manhã ouvia na Rádio Observador a notícia da atribuição do Prémio 'Ética no Desporto' ao judoca Jorge Fonseca, quando um dos comentadores interrompeu o locutor aludindo a Paulo Gonçalves e ao facto de também ter vencido, há poucos anos, esse mesmo prémio.

A marca impressiva de Paulo Gonçalves é, sem dúvida, a ética e altruísmo com que pautou a sua participação na alta competição (e fora dela, seguramente), tornando-o referência para colegas e outros desportistas, ultrapassando as fronteiras de Portugal.



No fatídico domingo de 12 de janeiro, a triste notícia do falecimento de Paulo Gonçalves correu enquanto, na Matriz de Esposende, decorria a Missa de ação de graças por mais um aniversário da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Esposende.

Na excelente homilia que proferiu, comentando sobre o exemplo dos bombeiros, cujo lema é "Vida por Vida" o Pe. Zé aludiu a este escrito de São Paulo sobre Jesus Cristo «Passou fazendo o bem», comentando o quão bom seria que, sobre cada um de nós, alguém pudesse colocar um dia no respetivo epitáfio, «Passou fazendo o bem».

Sem o saber, a reflexão do Pe. Zé acabava por ser, naquele momento, uma justa meditação sobre o exemplo e testemunho deixados por Paulo Gonçalves e que, depois da sua morte, continuam a ser lembrados, como foi hoje o caso referido na Rádio Observador.

O futuro reservar-nos-á diversas e merecidas homenagens a Paulo Gonçalves. 

Que, nalguma delas, se possa gravar a inscrição «Correu fazendo o bem» e, assim, a sua maior marca deixada no Desporto possa continuar a ser lembrada e, sobretudo, vivificada por cada um de nós, e pelas gerações futuras, nas nossas vidas, para que um dia também possam dizer de nós o mesmo.

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Seu Jorge no Ofir ... Gabriel O Pensador em Esposende by S90

Sorria!
Estamos na Silly Season em Esposende!

Depois da "genial" proeza que colocou as nossas corporações de bombeiros a concorrer com a ticketline, eis que nos deparamos com algo ainda mais genial: a actuação de uma jovem banda local em jeito de Gabriel O Pensador no Largo dos Bombeiros!

Quem se lembra desta?



Pois bem, em registo não muito diferente, eis que, em plena época de concertos na vila, sobem ao palco os S90, e com uma nobre maroteira (se assim se podem dizer) demonstram a irreverência da malta nova com um tema digno de sacar tantos sorrisos rasgados como caras tortas e um leve travo a azia na goela!


(Ficam aqui com excerto estando a versão integral aqui)  

Dizem as más línguas que alguns projectos locais ganharam com esta actuação as "hastags" #acabar #extinguir e #quem_os_chamou?, esperando eu que não passem tais comentários de meros boatos maldosos, pois acredito que a liberdade de expressão - pelas artes, diga-se, porque nem só de exposições se faz a arte - também merece lugar no nosso concelho. 

Que teve piada teve! Só não digo que é digno de gerar muita alegria porque o retrato que os jovens ali pintaram é efectivamente o da realidade que os inspira. Talvez esse devesse ser o maior foco de quem decide... e não só o colocar placas de obra em véspera de eleições.



(À parte a tristeza da ideia da venda de bilhetes... se tiverem intenção de ir, comprem os bilhetes aos nossos Soldados da Paz, pois pelo menos vão ajudá-los, ainda que a medida tenha sido um triste remendo de uma ideia ainda mais triste).

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Metam os Pilaretes no...


A conclusão do título fica ao gosto de cada um!

Voltei! Já não me lembrava de cá vir. Não por falta de assunto - pois são tantas as argoladas que mote não faltaria. Por falta de vontade sim! Para a generalidade da malta parece que o marasmo instalado é um local confortável, por isso... remeto o meu desagrado para o meu espaço pessoal no facebook e a pornografia que se passa no "Base" para as minhas conversas de café!

Hoje porém, para memória futura, atrevo-me a escrever aqui sobre os p**** dos pilaretes! Essa medida urgente que levou o nosso executivo a agir! Já não via tanta prontidão em agir desde que veio cá a Tvi filmar o incêndio que destruiu as nossas encostas (as prometidas cortinas florestais... estão ainda na sementeira da semente).

Pois bem! 
Apúlia, aquela bela Apúlia que tão bem descreve o Filipe Queiroga no seu livro "O Infante" (ainda que menos rigoroso na descrição da Apúlia de outrora do que no rigor com que descreve os momentos calientes do Zacarias com aquelas "malucas" com quem se ajavardou em indecências)...

voltando a Apúlia que até me perdi...

... desde que foi construída a ciclovia Apúlia tornou-se o paraíso do matarruano no que a estacionamento respeita. 

O matarruano, vindo de terras de quinto ... quintal, chega aqui à nossa Apúlia e delicia-se a estacionar sobre aquele piso perfeito para os seus poucos dotes de mira!

Ciclovia? Lá na terra dele não há disso! Ou pelo menos não há disso junto à praia! Vai lá um gajo agora estacionar longe? Caminhar de chinelo de dedo magoa juventude!!

Melhor é usar o argumento: "isto aqui não tem jeito nenhum" e pimbas, bota lá a furgoneta para cima daquele passeio lisinho! Código da Estrada? "Ó amigo", código da estrada é coisa que se aplica na estrada! Isto aqui é o passeio! A berma da estrada, a valeta! Capisce?

E haverá lá forma de argumentar contra o matarruano?
Criaram-se parques para responder a esse constrangimento, mas o verdadeiro matarruano que visita Esposende pode fazer as suas necessidades na nossa sala que é tudo normal! É assim uma espécie de javali no meio do milho!

(Nota intermédia: Não, eu não creio que a culpa disto seja dos autarcas, como já ouvi da boca de muitos. A culpa dos autarcas vem de seguida)

Neste cenário, qual é a resposta? Autuar? Nada disso! 
É meter pilaretes a emparedar a ciclovia! Na esperança que o javali esbarre no pilar!

Eu, que até gosto de andar de bicla, mas pouca diferença me faz já que são poucas as vezes que o faço na ciclovia, até não me devia preocupar. Mas, porque também passeio com a minha filha, questiono: alguém ponderou o risco que pode ser para um pai com filho na bicicleta, para uma criança, embater num pilarete? Cair sobre ele?

Não! Pois está claro que não!
Alguém pensou que num dia de caos no trânsito Fão-Apúlia, se um veículo de emergência necessitar passar entre o trânsito ninguém vai poder dar o jeito para a lateral para deixar passar?
Não! Pois claro que não.

Em que se pensa por cá?
Ando a tentar descobrir!

Certo é que a gente vai ali até à Póvoa e ninguém estaciona na ciclovia!
Vila do Conde, cuja diferença de piso não excederá os 5 cms, idem!
Leça da Palmeira? Igual!
Porto?
Espinho?
Nada!
Onde há lei a jaula só surge  no fim da linha!

Cá não!
Cá o Código da Estrada só tem aplicação à saída do Pacha às 7 da matina!
Mais à frente é off-shore! 

Matarruano quer estacionar no passeio? Deixa estacionar! A gente já o trama!
Siga gastar dinheiro ao povo e meter ali uns pilaretes só para arreliar!

Há falta de elementos no corpo da Guarda? Pois haja pressão sobre os comandos territorias para que reforcem os quadros! Ou será que nem ao lado dos nossos guardas conseguimos estar nisso? E pelo meio ainda caímos na tentação de querer que os poucos que temos estejam em todo o lado?

A questão essencial é todavia simples: É este o turismo que queremos?
Não creio!


*****

Uma nota final... e porque caminhamos para meio do mandato... e no mandato passado houve uma reformulação estratégica a meio...

Deixo apenas uma questão: 
- A Nossa Presidente não está por acaso a pensar reformular a equipa? Quiçá, pelo menos, dar posse a alguns que ainda não tomaram posse nos respectivos pelouros? 

É que isto de a ver a trabalhar quase sempre sozinha... apesar de não me preocupar muito... entristece-me! É que com 5 daquela genica... isto era capaz de ter algum rumo! 

E digo isto a pontos de pensar que se ela se recandidatar a Presidente, ainda volto a votar no PSD!


*****


Extra: "O Infante" é a obra da autoria do apuliense Filipe Queiroga sobre a aventura do Zacarias de Apúlia até Paris nos tempos do arroz de quinze. Num "mix" que bem podia ser a história de um Jorge Palma saído de Apúlia à boleia da Ryanair, é um livro jeitosinho para ler na praia e ao sol em férias. Pelo meio tem momentos que fariam corar a Margarida Rebelo Pinto... mas tudo lá bem misturadinho, é uma coisinha engraçada de se ler (e aqui sem qualquer sentimento menor - daqueles que às vezes nos dá para sobrevalorizar o que é da terra).
Recomenda-se, com as férias à porta.

terça-feira, 23 de julho de 2019

Sugestão para férias

Rui Vitória está por estes dias pelo nosso concelho, mais concretamente em Ofir, em estágio com a sua equipa. 
Considerando que o treinador ficará cerca de 2 semanas no concelho, tal poderia, muito bem, constituir uma excelente oportunidade para o Município (vereação do Desporto) levar a cabo alguma acção com o treinador. 
Penso, por exemplo, numa tertúlia.Como homem do futebol, treinador de clube grande e campeão, Rui Vitória, terá, seguramente, muitas ideias e conselhos por partilhar. E como parece ser um bom tipo, certamente que aceitaria de bom grado o repto.
Fica a sugestão.

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Cristina Leites

Nunca tive a sorte de conhecer Cristina Leites pessoalmente, mas admiro-a desde que travei conhecimento da sua pessoa e percurso de vida, numa excelente entrevista dada a Mário Fernandes, em 2016.
No 5º ano da Faculdade, na cadeira de Direito do Trabalho, tive um assistente cego. Um tipo brilhante, que nunca se deixou condicionar pela sua limitação. Dizia-nos, numa das muitas conversas fora da matéria que gostava de ter connosco (era mais velho do que nós poucos anos apenas), que, dada a sua condição, enquanto tirou o curso teve sempre de fazer o dobro (estudo, leitura, etc.). E o mais interessante é que dizia isto não em tom de lamento, mas em tom de incentivo, para que cada um, na sua vida e respectivas circunstâncias, dê o seu máximo, para lograr alcançar o objectivo a que tanto se propõe.
Por isso, ao ler Cristina Leites e o esforço que fez para tirar o curso e, depois, singrar profissionalmente, recordei-me muito do meu querido assistente, hoje em dia, doutorado na Faculdade de Direito de Lisboa.
Na entrevista dada a Mário Fernandes, impressionou-me o lamento de Cristina Leites pelo facto de não conseguir sair da cepa torta no Município. Cristina era telefonista, mas dada a sua formação superior, ambicionava poder trabalhar numa área enquadrada com as suas valências académicas (licenciada em Filosofia), no caso, a biblioteca: «por isso, trabalhar numa biblioteca tornaria a minha vida mais completa».
Julgo que este repto, infelizmente, nunca chegou a encontrar eco junto de quem de direito.
A biblioteca de Esposende, de resto, está malfadada para pessoas com deficiência. A minha querida amiga Ilda Daniela, portadora de doença grave, chegou a trabalhar na biblioteca, trabalho que adorava, até ao dia em que dispensaram os seus préstimos, facto que deitou um bocado abaixo a sua moral.
Esposende, à semelhança da sociedade onde nos integramos, tem ainda um longo caminho a percorrer no que toca à inclusão das pessoas com deficiência.
Para além da questão das oportunidades profissionais, observo também, ao calcorrear as ruas da cidade, que faltam acessos nas entradas de muitos estabelecimentos comerciais.
Na hora da despedida a Cristina Leites, a melhor homenagem que se poderá prestar é, pois, dar acção à política de inclusão das pessoas deficientes, a qual deverá saltar para o topo da agenda.