terça-feira, 25 de abril de 2017

Desporto para todos precisa-se.

 Em fim-de-semana de Luso-Galaico é natural falar na necessidade das infraestruturas desportivas que ainda faltam neste concelho.
 
 Aproveitando a disposição à beira-rio, os diversos montes que existem no nosso concelho e as praias é com alguma naturalidade que vemos as principais atividades serem feitas ao ar-livre, desde as corridas às caminhadas, passando pelas bicicletas até aos patins mas não só de ar-livre e de relvados sintéticos se faz o desporto.
 
 Com a construção do Parque da Cidade seria uma boa altura para pensarmos também na construção de um verdadeiro complexo desportivo para o concelho.
 
 Sejamos sinceros, a situação atual do Estádio Padre Sá Pereira é insustentável a médio prazo.
 
 Torna-se cada vez mais imperioso o concelho pensar em dar uma solução aquele terreno e termos um complexo desportivo com mais valências que não apenas no futebol e é aqui que quero enfatizar a questão.
 
 Atletismo não é apenas estrada mas também tartan, pistas de tartan, e está na hora de Esposende ter a sua própria pista de tartan que potenciaria o atletismo no concelho para um outro nível, permitindo atrair não só novos eventos como novos atletas e potenciar o desporto escolar no concelho.
 
 Mas não só de atletismo devemos falar.
 
 Apesar  de termos 2 complexos de piscinas municipais falta ao concelho um complexo coberto de piscinas  capaz de receber provas de natação em piscina curta, 25 metros, ou como seria desejável, uma piscina longa de 50 metros.Sei que existem diversas competições de natação que são  realizadas em complexos a céu a aberto mas para se chegar a um nível minimamente aceitável a cobertura será necessária.
 
 Outra infraestrutura que necessita de uma boa intervenção e dignificação é o Pavilhão (Municipal) de Fão.
 
  É claro que temos de pensar em dar uma outra cara aquela infraestrutura que em conjunto com o pavilhão de São Bartolomeu do Mar são as únicas no concelho a não pertencer a uma escola e um dia teremos o esquecido Pavilhão de Vila-Chã pronto, essa obra inquinada que deve comprometer os nossos atuais e antigos autarcas nunca tendo sido usada como argumento na discussão política, mas sobre isso falarei mais tarde.
 
 Não posso de deixar de fazer nota na minha habitual estupefação, e não me venham com bairrismos, pelo facto de quase todas as infraestruturas desportivas do concelho de Esposende estarem fora da sede de concelho e pelo Estádio Padre Sá Pereira ter sido intervencionado quando houve uns fundos da União Europeia em 2013.
 
 Para finalizar, e que tal uma pista dedicada ao BMX ?
 
 Ficam as ideias para quem as quiser aproveitar.



  

terça-feira, 18 de abril de 2017

O CDS e o T.E.M, o anti-"Grupo de Ofir".

No dia 6 de Maio teremos um momento interessante da política nacional a decorrer no concelho de Esposende: o 1º convívio do T.E.M (Tendência Esperança em Movimento).
O concelho de Esposende começa a ficar indelevelmente associado a estes momentos no CDS-PP, já que depois das reuniões nos anos 80 da ala liberal em Ofir, o "Grupo de Ofir", teremos a resposta democrata cristã em Esposende do T.E.M.
Algo me diz, e agora é apenas teoria da conspiração, que a localização escolhida na outra margem de Ofir não foi por mero acaso.
Se existe algo que tenho de agradecer ao CDS-PP é que é o único partido do concelho que regularmente nos faz ter um deslumbre nas nossas paragens das figuras de relevo do partido a nível nacional.
Este é uma corrente de opinião que além de ser a 1ª corrente de opinião no CDS-PP, é uma corrente que promete algumas opiniões controversas, já que este movimento visa recolocar o CDS-PP no caminho da Portugalidade, dos valores democratas cristãos e defende que o a base cristão é condição essencial para  a existência de democracia e que o Estado deve servir apenas para acudir aos desfavorecidos sendo que na sua base este movimento têm como base os antigos líderes e a famosa fação das "famílias numerosas" como chegou a ser conhecida.
Num partido dominado pela teocracia de Paulo Portas que nos últimos anos trouxe para a ribalta quase todas as principais figuras do atual CDS, adivinho como espinhosa a missão destes democratas cristãos já que um dos grandes propósitos da atual direção é criar as condições necessárias para a candidatura de Paulo Portas a Belém no final do mandato de Marcelo Rebelo de Sousa numa possível coligação de direita e de ter um partido disponível para coligações governamentais em São Bento.
Aguardarei com expectativa a direção política deste movimento para tirar algumas ilações sobre o que vai ser o movimento, sobre o que vai ocorrer aos militantes que nela participam e sobre algumas ilações mais.
E em que é que isto influencia a concelhia de Esposende do CDS?
Sendo um dos principais oradores do encontro Ribeiro e Castro, fica interessante perceber como é que a concelhia será vista depois do apoio a um ex-militante do PSD e de ser próxima de um putativo membro do T.E.M, sendo que alguns dos antigos membros da concelhia do CDS são próximos do T.E.M o que torna as coisas ainda mais opacas.
Esperarei pelos próximos capítulos.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

E um comboio em Esposende?

Vou ser razoável: pedir o impossível para chegar apenas ao expectável.
 
 Um dos momentos mais marcantes da nossa história como concelho e que muito contribui para o nosso pouco desenvolvimento industrial, económico e, no final de contas, social é a alteração da passagem da linha de comboio do Norte de Esposende para Barcelos.
 
 A par do fim da navegabilidade do Rio Cávado entre Esposende e Barcelos esta terá sido uma das  maiores machadadas nas possibilidades de Esposende de assumir maior protagonismo no distrito e na costa a norte do Douro.
 
Tendo a profunda convicção que o transporte ferroviário será um dos meios de locomoção do futuro, e não o avião, para as médias distâncias quer de pessoas quer das cargas  penso que seja chegada a altura de pensarmos seriamente neste assunto.
 
Para os mais descrentes e detratores da solução seguem alguns factos:  3 a 10 vezes menor impacto ambiental, 190 vezes menos hipóteses de acidentes, o volume de carga que é possível transporte numa linha de 2 vias é igual ao de uma auto-estrada de 6 vias, os comboios de velocidade elevada permitem ligações mais até 3 vezes mais rápidas do que o transporte ferroviária, maior estabilidade nos preços praticados e no cumprimento de horários.
 
Estes factos são alguns dos que levam à implementação do ERTMS, programa a nível europeu, que visa entre outras coisas ,ligar todos os principais aeroportos em alta-velocidade e que 50% do transporte sejam feitos por comboio.
Ao nível nacional temos o P.I.I.F - Plano de Investimento em Infraestruturas Ferroviárias que até 2020 visa gastar mais do que 1,2 mil milhões em recuperação de parte das linha e de construção de 214 km de novas linhas.
 
E onde entra Esposende nisto?
 
A alta velocidade ferroviária, apesar do que António Costa disse recentemente, não só vai ser uma realidade como uma imposição europeia, e a ligação em "TGV" do Porto a Porrinho será uma necessidade para perfazer uma linha em contínuo desde Sines até Corunha e onde o Porto ganhará nova visibilidade no campo ferroviário.Aproveito para dizer que esta ligação deveria ser uma das mais presentes exigências de Rui Moreira, e dos distritos a norte do Douro, e não a do Red Bull Air Race.
 
Olhando para o mapa é óbvio que o caminho mais rápido é passar pelo nosso concelho e fazer a ligação a  Viana do Castelo e dai seguir para Espanha, ou seja, retornar aos planos originais do Séc.XIX.
 
E é aqui que entramos: localização.
 
O 1º assalto já foi perdido, com a beneficiação do linha do Minho, mas ainda nada está perdido.
 
Em conjunto com  os concelhos da Póvoa de Varzim, Vila do Conde e Viana do Castelo temos hipóteses de promover uma nova linha ferroviária, que no nosso caso seria proveitoso para as cargas, e entrarmos nas contas destes novos investimento. É mais económico fazer passar uma linha por Esposende do que a fazer passar por Barcelos, Nine e Braga.
 
 
Uma estação de passageiros ou de carga era um bom princípio para essa utopia ferroviária.
 
Esposende não pode deixar passar este processo  e este novo vento mais uma vez e ficarmos alegremente sentados a ver os outros florescer. Sei que ouviríamos muitos "não" e "estão malucos", mas estas respostas em si já são muitas vezes o início de um processo. Se não se tentar nunca se consegue e se não nos mostrarmos disponíveis nunca seremos lembrados.
 
E quanto aos custos?
 
Recentemente foi avaliado que a construção de uma linha ferroviária custa 4 milhões de euros por quilómetro, o que para termos uma linha de Esposende a Viana seria qualquer coisa como 80 milhões de euros.
 
Fica a dica para quem a quiser aproveitar.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

São Marino, o pequeno-grande das colinas.

 São Marino é talvez o mais pequeno dos grandes países.
 
 Admito que foram muitas particularidades que me fizeram visitar especificamente este país e prefiro realçar o orgulho e o sentimento de pátria que este pequeno país demonstra e acima de tudo, o sentimento de igualdade e de liberdade que encontrei na sua população.
 
 Seria fácil ironizar e dizer que em termos de área e população se assemelha ao concelho de Esposende, que é em conjunto com o Vaticano o único país europeu sem autoestradas, linhas férreas, discotecas e aeroporto próprio,  mas não vou por ai.
 
 Este é a mais antiga república domundo, elegendo os seus representantes parlamentares desde 1273. 
 
Situa-se sobre uma colina que ascende até aos 1000 metros de altitude e que nos permite deslumbrar Rimini e o Mar Adriático, propiciando que quase todos os restaurantes, bares e cafés sejam panorâmicos e com uma vista ótima para as fotografias. As suas 3 torres de vigia medievais são não só um marco paisagístico como um marco nacional estando inclusivamente no brasão nacional.
 
 Este parlamento por sua vez elege a cada 6 meses a sua dupla de presidentes, designados de capitães-regentes, já que se acredita que o poder não pode cair nas mãos de apenas uma só pessoa e desde esse ano a data dos empossamentos se mantém inalterada: 1 de Abril e 1 de Outubro. A cada mudança de regência temos uma das demonstrações de liberdade e igualdade mas acarinhadas pelos sanmarinenses: a alteração das leis. Nestas datas é dada a liberdade a todos os cidadãos de proporem novas leis ou alterações a leis vigentes diretamente ao Presidente do Parlamento e sempre se formam filas de cidadãos com novas propostas ao Parlamento.
 Não sou ingénuo, sei que é a dimensão do país que permite este contato direto entre o cidadão comum e o governo.
 
 Apesar de todos se conhecerem, existe um sentimento de respeito pelos cargos e pelas instituições.
 
  Enquanto visitava a sala central do Palácio Público fui interpelado pelos funcionários que lá estavam para me reter já que as capitãs-regentes iam passar para irem almoçar e enquanto esperei, a funcionária do Palácio transmitia-me que era um orgulho para todos o facto de serem duas mulheres, e isso ser uma estreia a nível mundial, e pelo facto de uma delas ter apenas 28 anos e ser a mais jovem presidente da república no Mundo, que deveria ter vindo 3 dias antes para assistir à cerimónia.
 
 Nos simples, mas elegantes, museus que existem neste país vemos uma quantidade absorta de funcionários e ainda vemos polícias sinaleiros para ruas muito poucas movimentadas e existem quase todos os serviços públicos expectáveis, desde o Ministério da Educação ao Ministério do Trabalho passando pela Biblioteca Nacional, o Comité Olímpico e a Universidade de Design o que me leva a crer que o Estado aqui é muitíssimo presente, apesar de existirem diversas instituições financeiras e independentes e uma presença de indústria muito admirável, aproveitando os baixos impostos que aqui se praticam. Como curiosidade, existe apenas uma produtora autorizada de peças de cerâmicas tradicionais.
 
 São Marino também se destaca pela sua independência na política externa.
 
 Numa longa linhagem de relações diplomáticas e de negociações, dispõem de um pequeno exército e não existem fronteiras físicas com Itália, sendo quase in percetível a passagem da fronteira. Ainda hoje se mostra com orgulho que foi aqui que Garibaldi se refugiou e que 100 mil italianos buscaram asilo aquando da 2ª Guerra Mundial.   
 É um país que apesar de utilizar o Euro como moeda não aderiu à UE, não reconheceu o Kosovo como estado independente e não aderiu aos boicotes à Rússia.
 Esta não adesão aos boicotes faz com que seja dos poucos que consiga exportar bens alimentares para a Rússia e lhe garanta um crescimento económico a longo prazo, sendo das poucas economias europeias que cresce à mais de 5 anos consecutivos e devido a uma política de baixos impostos para os nacionais o salário mínimo nacional é o 3º mais elevado na zona Euro, atrás do Luxemburgo e Mónaco. 
 
 O respeito que é dado à cidadania também é relevante.
 
 A cidadania é uma das mais difíceis de obter para um estrangeiro, sendo um pré-requisito  viver 35 anos na República sem nenhum incidente e ainda assim a sua candidatura é avaliada por uma espécie de Senado e o anúncio das candidaturas e a cerimónia de entrega dos passaportes é transmitido na televisão. É um dos factos que explica não termos uma legião de jogadores estrangeiros na sua equipa de futebol.
 
Com o sentimento de cidadania vêm também a proteção aos produtos locais.
 
 Sendo a agricultura um dos motores da economia, é com gala que se fala nos produtos de "Km 0", confeccionados dentro da República.  Desde o leite à cerveja, passando pelo pão e pela típica torta existe sempre um exemplar sanmarinense para qualquer produto sendo que aliado à qualidade temos um  preço em conta com os rendimentos desta região.
 
 E o futebol foi também algo que me fez vir a este país.
 
 Desde que comecei a acompanhar o futebol que me intrigava como seria aquela pequena seleção que insistentemente perdia jogos atrás de jogos e que considerava que sofrer menos de 4 golos era uma vitória. Muitas vezes abria o jornal desportivo para ver os resultados das seleções  e secretamente ficava na esperança que São Marino tivesse feito uma surpresa, muitas desilusões tive já que a seleção é aquela que à mais jogos está sem ganhar em toda a Europa. Quando chega a Junho e a Liga dos Campeões inicia com as primeiras pré-qualificações, é sempre uma expetativa enorme por aquilo que as equipas sanmarinenses possam fazer, a derrota é quase sempre o resultado final.
 
A seleção é um dos reflexos do sentimento de independência, sendo das poucas que é totalmente amadora mas que abraça todos os jogos com profissionalismo e um sentimento de amor à camisola invejável. Muitas vezes sofrer poucos é uma vitória e conseguir um golo é quase um feito. Insistentemente os jornalistas estrangeiros lhe perguntam porque não desistem, insistentemente lhe respondem porque representam um povo.
 
Já entrei em muitos estádios lendários, mas ter entrado no Serravalle com a seleção de sub-17 a treinar deu-me uma euforia infantil como em poucos estádios.
 
Mas não só de futebol se faz o desporto.
 
Existe também o Voleibol, o atletismo, o basebol, o futsal, o polo aquático e o tiro em voo não admirando por isso  que São Marino seja um dos dominadores dos Campeonatos dos Países Pequenos da Europa.
 
São Marino ficou na colina, mas algo me diz que não foi um "adeus" mas um "até já".

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Demolição de regime

Todo o poder autárquico tem a sua "obra de regime". Mas nem só de obras vive o regime.
Recentemente, o Município de Cascais viu o Tribunal Administrativo dar-lhe razão numa ordem de demolição de obra inacabada, considerando-a fundada no facto de a obra estar parada e abandonada há anos, causando, devido ao estado incompleto do edificado, impactes negativos no interesse público municipal em sede de saúde pública, de segurança pública e de preservação dos valores arquitetónicos, de ambiente e do turismo. 
Os efeitos nefastos de um prédio inacabado, tão bem definidos pelo Tribunal no caso referido, podem muito bem ser aplicados ao esqueleto do edificado que se encontra, há alguns anos, junto à rotunda da Sozende. Uma obra que desprestigia o traço identitário do nosso concelho, um privilégio da natureza.
Seria bom que a demolição dessa obra inacabada fosse um desígnio no próximo mandato autárquico. Esposende não pode arriscar ficar mais 4 anos com aquele esqueleto de pé, cuja degradação progressiva impactará ainda mais negativamente o interesse público local.