terça-feira, 29 de setembro de 2015

Mais do mesmo?

O recém-eleito presidente da JSD Esposende, André Queirós, promete lutar para deixar a sua marca no panorama político municipal.
“Ó André, o panorama político municipal não é para meninos!”, apetece dizer ao jovem André.
Não se trata de nenhuma aversão à inclusão de jovens na cena política esposendense (bem pelo contrário), mas antes uma triste constatação de facto: os partidos políticos locais do arco executivo não apostam na juventude. Basta olhar para as composições das assembleias municipais de Esposende dos últimos 12 anos, ou dos executivos camarários, para retirar essa conclusão.
Ao longo dos últimos anos, diversos jovens esposendenses têm dado cartas nas suas áreas de intervenção, com o pequeno grande pormenor de serem pessoas interessadas pela causa pública. São pessoas que acrescentariam, garantidamente, valor na discussão pública sobre os assuntos do concelho. Ofereceriam propostas de qualidade e um debate fresco e renovado. Infelizmente, os partidos locais insistem nas figuras de sempre e não apostam na renovação.
André Queirós fala em excelente legado deixado pelo seu antecessor, mas como o presidente anterior da JSD não foi eleito para a Assembleia Municipal, nem para a vereação da Câmara, pergunto-me que excelente legado terá sido esse.
Desejo, sinceramente, a André Queirós que consiga tomar acção a partir do copy paste da declaração de intenções dos seus antecessores e que consiga, efectivamente, fazer surgir novos quadros políticos no concelho, pois só com jovens é que se consegue ganhar o futuro, lá diz o povão.

sábado, 26 de setembro de 2015

Almoços de campanha...

Em tempos de campanha eleitoral, nada como falar de eleições.
É público que o PSD Esposende não conseguiu nenhum lugar na lista de deputados pelo distrito de Braga.
Sendo justo sei bem que esta ausência é justificável visto que os círculos eleitorais e as listas que são apresentadas têm pouco a ver com o peso dos concelhias e existem diversos lugares que são ocupados pelos candidatos de maior nomeada dos partidos para assegurar que são eleitos. 
Paulo Portas sempre foi eleito pelo distrito de Aveiro, alguém imagina que ele tenha passado a sua infância em Cucujães? É óbvio que não.
Sendo a lista da coligação uma lista de coligação o filtro que é aplicado a cada um dos partidos é ainda mais apertado sendo necessário diminuir a lista de prováveis candidatos.

Relembro aqui a todos os críticos de Benjamim da nossa praça que em 2011 o PSD tendo uma lista apenas sua colocou o representante de Esposende em lugar bem abaixo do elegível, situação que levou à desfiliação de João Cepa do PSD.   

Mas isso não desculpa tudo.
Ver Benjamim Pereira e o seu vice-presidente Maranhão Peixoto no almoço de campanha da coligação é algo que não enobrece o PSD e Esposende.
Quer como presidente da Câmara eleito, quer como líder do PSD Esposende,  a representação Esposendense deveria ter sido mais comedida apenas com um vice-presidente ou uma figura de 2ª linha do PSD local para demonstrar a desaprovação pela escolha feita. Ou isso ou uma carta aberta à distrital e ao concelho nacional do partido fazendo a demonstração do seu desagrado pela corrente situação.
Não exijo uma desfiliação do partido, já que se o PSD foi "bom" para o eleger também agora é "bom" para Benjamim ter de dar a cara pelas suas decisões mesmo que ponham em causa o seu peso político. 

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Dúvida esposendencial

Tenho uma dúvida que me acompanha há vários anos. Por que é que de Setembro a Maio nunca temos em Esposende concertos, peças de teatro ou espectáculos de stand-up, tal como sucede em muitos municípios espalhados pelo país fora?
Bem sei que não temos um Centro de Artes e Espectáculos ou Fórum, como muitas terras já têm. Mas não é menos verdade que muitas terras também não têm um recinto a esse nível, e não deixam de promover esses eventos...

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

JP, Juventude (do) Poucochinho

Milão, a capital secreta.

“Aquilo que hoje pensa Milão, amanhã pensa-o Itália"
Adoro Milão.
Vivi aqui há cerca de 10 anos, enquanto estudante, e terão sido os meus melhores tempos da minha vida académica. Vivi quase tudo o que a cidade tinha para oferecer, desde a vida boémia à cultural e desportiva, e isso dá-me hoje um sentimento familiar quando cá estou.
Desta vez vim para visitar a Expo 2015, dedicada à comida e aos bens alimentares mas não seriam precisos muitos argumentos para me trazerem cá.
Eu ainda sou do tempo em que os aeroportos assistiam à chegada de milhares de turistas que iam directamente para Veneza, Florença e Roma. Quando  comecei a fazer alguns fins-de-semana na cidade muitos me perguntavam porque é que a visitava porque para quase todos ela não tinha nada de atrativo mas o que me atraía e atrai é a sua vida.

A sua vida que não necessita dos turistas para sobreviver e que se baseia no dinamismo dos seus habitantes. Depois de várias incursões pelo resto do país, cheguei rapidamente à conclusão de que Milão vivia numa realidade diferente do país, quer em termos de organização, vida cultural, e cosmopolitismo.
Os restaurantes são de elevada qualidade e para todos os gostos, e os bares estão sempre animados e bem frequentados, destacando-se a zona dos canais de Navigli e a minha preferida, Corso Como, com a presença de um publico mais internacional e com as modelos que estão na cidade para sessões fotográficas a darem um colorido engraçado à zona.

Mas o que mais me enche as medidas na cidade é o estádio San Siro.
O estádio é como a cidade, imponente mas discreto, não faz parte dos estádios favoritos dos adeptos mas a alma e a carga emocional que transmite é avassaladora. Este é o estádio que mais vezes visitei a seguir ao Padre Sá Pereira e enquanto cá morei fiz ponto de honra em acompanhar o AC Milan e mesmo ao 10º jogo ainda ficava maravilhado com o som e a imponência do mesmo. 
Já recebeu por 3 vezes a final da Liga dos Campeões e vai receber a 4ª em 2016 e em 2009 encheu para assistir a uma partida de rugby entre Itália e a Nova Zelândia.

Quase em jeito de celebração pessoal pela 2ª vez fui ao derby de Milão e ver o San Siro com mais de 80.000 pessoas é algo inesquecível, mas o som que vem das bancadas ainda mais inesquecível é.

Milão não está na moda, mas faz a moda.
Em vez de querer ser uma cidade querida, cool, na moda como em Portugal se quer ser, tornou-se primeiramente uma cidade com vida própria e o turismo veio como uma extensão e não como uma prioridade.
Milão é a capital económica, cultural, desportiva e académica de Itália e uma das capitais europeias nestes campos, com projetos de investimento do estado central mas com a união e cartelização da suas forças vivas e era este exemplo que o Porto e a região Norte deveriam ter e deixaram a veia turística para outras núpcias.

Roma vive para os milaneses quase como uma capital de fachada, tal como Washington nos EUA, Brasília no Brasil e Camberra na Austrália. É normal que uma empresa internacional tenha a sede aqui e não em Roma, é normal que os grupos musicais nas suas digressões mundiais passem por Milão e não por Roma.
Aqui é onde os salários são mais altos, o poder de compra é maior, as universidades são mais conhecidas, onde estão os principais teatros e salas de espetáculos, os maiores estádios e pavilhões e onde as estações e aeroportos são os mais importantes do país.

Apostou na congregação das exposições de diversos sectores chave da economia italiana e hoje alberga a feira do calçado, mobiliário, moda e design industrial mais importante do mundo.
Não sendo a capital do pais já recebeu a Expo em 1906 e em 2015, recebeu a primeira central elétrica da Europa entre outras coisas. Se a Lombardia fosse um país seria a 6ª maior economia da zona Euro e isso diz muito do que é a vivacidade desta cidade e da região.  

No dia em que o Porto e a região Norte quiserem verdadeiramente ser uma opção a Lisboa, vão perceber que não o serão sendo o “melhor destino para férias” ou “melhor fim-de-semana romântico” de um site qualquer ou de um qualquer jornal.
Será necessário fazer obras que não enchem as páginas do jornais, gastar dinheiro em vias de comunicação em vez de animação de rua, o metro vai ter de chegar a quem trabalha e não a quem frequenta os espaços de diversão noturnos e os principais negócios terão de ser a venda de máquinas e não hotéis de 3 estrelas. Em suma, gastar dinheiro em quem aqui mora e não em quem nos visita.
Nenhuma cidade, ou país, que se entregue ao turismo tem um bom nível de vida a quem lá mora e trabalha e se quiserem provem-me que estou enganado.
E a Expo 2015? Parecia que estava nos anos 80: Portugal nunca ia aos mundiais e tínhamos de torcer pelos outros.

Não percebi como numa exposição de comida, bens alimentares e agricultura Portugal não disse presente. A Gâmbia foi lá vender o cacaué, o Turquemenistão o algodão, o Mónaco as ostras, a Moldávia o mel, a Rússia os cereais e a Coreia do Norte (isso mesmo) foi lá publicitar os seus produtos com base no ginseng.
Ao contrário da Expo 98, a aposta aqui foi em poucos pavilhões para o “pós-Expo” e deixar uma zona requalificada para o futuro mas com possibilidade de serem construídos pavilhões industriais nesta zona.  Se por um lado são menos encargos futuros, por outro não se garante que o investimento tenha retorno e utilização do espaço no futuro,
Milão fica para trás, mas com certeza que voltarei.