sexta-feira, 14 de abril de 2017

E um comboio em Esposende?

Vou ser razoável: pedir o impossível para chegar apenas ao expectável.
 
 Um dos momentos mais marcantes da nossa história como concelho e que muito contribui para o nosso pouco desenvolvimento industrial, económico e, no final de contas, social é a alteração da passagem da linha de comboio do Norte de Esposende para Barcelos.
 
 A par do fim da navegabilidade do Rio Cávado entre Esposende e Barcelos esta terá sido uma das  maiores machadadas nas possibilidades de Esposende de assumir maior protagonismo no distrito e na costa a norte do Douro.
 
Tendo a profunda convicção que o transporte ferroviário será um dos meios de locomoção do futuro, e não o avião, para as médias distâncias quer de pessoas quer das cargas  penso que seja chegada a altura de pensarmos seriamente neste assunto.
 
Para os mais descrentes e detratores da solução seguem alguns factos:  3 a 10 vezes menor impacto ambiental, 190 vezes menos hipóteses de acidentes, o volume de carga que é possível transporte numa linha de 2 vias é igual ao de uma auto-estrada de 6 vias, os comboios de velocidade elevada permitem ligações mais até 3 vezes mais rápidas do que o transporte ferroviária, maior estabilidade nos preços praticados e no cumprimento de horários.
 
Estes factos são alguns dos que levam à implementação do ERTMS, programa a nível europeu, que visa entre outras coisas ,ligar todos os principais aeroportos em alta-velocidade e que 50% do transporte sejam feitos por comboio.
Ao nível nacional temos o P.I.I.F - Plano de Investimento em Infraestruturas Ferroviárias que até 2020 visa gastar mais do que 1,2 mil milhões em recuperação de parte das linha e de construção de 214 km de novas linhas.
 
E onde entra Esposende nisto?
 
A alta velocidade ferroviária, apesar do que António Costa disse recentemente, não só vai ser uma realidade como uma imposição europeia, e a ligação em "TGV" do Porto a Porrinho será uma necessidade para perfazer uma linha em contínuo desde Sines até Corunha e onde o Porto ganhará nova visibilidade no campo ferroviário.Aproveito para dizer que esta ligação deveria ser uma das mais presentes exigências de Rui Moreira, e dos distritos a norte do Douro, e não a do Red Bull Air Race.
 
Olhando para o mapa é óbvio que o caminho mais rápido é passar pelo nosso concelho e fazer a ligação a  Viana do Castelo e dai seguir para Espanha, ou seja, retornar aos planos originais do Séc.XIX.
 
E é aqui que entramos: localização.
 
O 1º assalto já foi perdido, com a beneficiação do linha do Minho, mas ainda nada está perdido.
 
Em conjunto com  os concelhos da Póvoa de Varzim, Vila do Conde e Viana do Castelo temos hipóteses de promover uma nova linha ferroviária, que no nosso caso seria proveitoso para as cargas, e entrarmos nas contas destes novos investimento. É mais económico fazer passar uma linha por Esposende do que a fazer passar por Barcelos, Nine e Braga.
 
 
Uma estação de passageiros ou de carga era um bom princípio para essa utopia ferroviária.
 
Esposende não pode deixar passar este processo  e este novo vento mais uma vez e ficarmos alegremente sentados a ver os outros florescer. Sei que ouviríamos muitos "não" e "estão malucos", mas estas respostas em si já são muitas vezes o início de um processo. Se não se tentar nunca se consegue e se não nos mostrarmos disponíveis nunca seremos lembrados.
 
E quanto aos custos?
 
Recentemente foi avaliado que a construção de uma linha ferroviária custa 4 milhões de euros por quilómetro, o que para termos uma linha de Esposende a Viana seria qualquer coisa como 80 milhões de euros.
 
Fica a dica para quem a quiser aproveitar.

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