terça-feira, 16 de setembro de 2014

Romaria, festa e festança!

Passadas as festas, romarias, festivais parece-me oportuno discutir o que foi o concelho de Esposende nestes eventos.

Em primeiro lugar quero deixar a nota positiva à organização da Silent Party e da Festa 80’s do Parque Radical. Este tipo de festas e eventos fazem falta a Esposende que assim consegue diversificar o seu leque de atrações e aproveita a cidade em si e as praças e pelo que fui vendo nas noites de Verão deveríamos pensar num reaproveitamento do Largo Rodrigues Sampaio e não apenas ser utilizado como local das feiras de artesanato e de velharias.
Em segundo lugar, e mais importante, é necessário que a calendarização dos eventos seja mais racional e mais equilibrada e que haja esforços para que algumas festas de base religiosa e mundana sejam unificadas para permitir não só uma vertente religiosa como uma vertente civil que crie eventos mais sólidos e mais apelativos para quem nos visita.
As festas de São Bartolomeu do Mar continuam a ser o maior desperdício em termos de potencial turístico festivo do nosso concelho. Sendo uma das mais antigas e mais características do país é difícil de explicar como ela não têm melhor tratamento e divulgação pelo turismo esposendense. Seria desejável e proveitoso que elas tivessem um símbolo, uma linha gráfica, cartazes com identidade própria como se de uma marca se tratasse ou como se da Galaicofolia se tratasse e que fosse relocalizada, já que termos a EN13 com apenas 1 via de circulação enquanto existem espetáculos e pessoas a amontoarem-se sobre essa via livre é uma cena que pertence aos anos 80.
A Galaicofolia continua a ser uma boa aposta forte do turismo de Esposende e continua a dar bons resultados. Na minha condição de utilizador é necessário aumentar a frequência de meios de transporte para o São Lourenço, como facilitar o parqueamento de automóveis no próprio monte.  Mas mais do que isto é necessário a reorganização das datas para que haja confluência com o as festas do São Lourenço. Que sentido faz termos um festival hoje e daqui a 8 ou 15 dias uma festa no mesmo local? Pouca, na minha visão.  

Não estou a afirmar que se elimine uma em favor da outra, mas que haja uma confluência de ambas, e que elas partilhem o mesmo esforço em termos de espaço, de logística de meios e que partilhem as pessoas que vão a São Lourenço por esta altura. Nesta senda de festas em montes e locais com contacto privilegiado com a natureza será uma boa aposta a revitalização da Senhora da Guia em Belinho, aproveitando a dinâmica da Galaicofolia para encetar alguns eventos naquele local, um dos locais com melhores vistas do concelho de Esposende.
A Feira Medieval mais uma vez esteve em bom plano, sendo cada vez mais a referência em termos de festa da cidade de Esposende, é o local onde toda a gente se encontra e onde todos se revêm. Por muito que custe a acreditar, hoje a feira medieval é a “Senhora da saúde” de há muitos anos atrás, a romaria quase obrigatória, onde se ouvem crianças a rir, pais às compras, famílias a passear.E qual o segredo? Porque se realiza nas ruas e cria um sentido de massa humana positivo.  Como melhoria apenas vejo a possibilidade de termos uma parte da feira aberta até mais tarde, para lá da 1 da manhã, com música, copos, comida e um espaço envolvente já de si temático.
O Festival Sons de Verão 2014 veio desafiar a noção de que os festivais e as festas apenas são para os mais novos. Com o concerto de Vitorino vimos um público mais velho, mais conhecedor a vir a Esposende o que pode servir como  aviso à organização do evento que para 2015 será proveitoso apostar novamente em artistas para este público, e já agora, aproveitar as bandas filarmónicas de música do concelho e outro tipo de bandas do concelho para estes concertos.
E agora as “Senhoras da Saúde”. Sou ainda um daqueles para quem as festas da Senhora da Saúde e da Soledade de Esposende eram o ponto alto do concelho, o dia de maior agitação em Esposende e um dos pontos de maior agitação noturna da cidade e onde as máquinas de jogos, os carrinhos de choque, as barraquinhas, as caravanas de k7, fogo de artifício e as procissões faziam a festa.  Daqui digo um profundo “obrigado” a todos os que a organizaram ano após ano e digo “força” a quem a organiza atualmente e nada do que direi a seguir pretende menosprezar o esforço de quem a organiza nos nossos dias.
Mas os tempos mudaram e a realidade mudou e hoje as festas da Senhora da Saúde já não são o ponto alto de Esposende.  Hoje a sua dimensão e capacidade de mobilização pouco ou nada têm a haver com o que foi mas têm lentamente vindo a recuperar com mais algumas pessoas, mais alguns comerciantes (a face mais visível do número expectável de pessoas) . 

Sei que  sendo esta uma festa de cariz religioso está sempre ligada a uma data fixa e que existem mais duas festas devotas a esta santa, em Apúlia e Marinhas, mas será preciso deixarem realizar o festival do marisco na mesma altura? Se estas são as festas religiosas de maior nomeada no nosso concelho não seria de esperar que não se pretendesse dividir as pessoas entre as duas coisas? E mesmo que me digam que é este o fim-de-semana  mais propício para se realizar, não se deveria fazer uma publicidade conjunta dos dois eventos?  O concelho de Esposende não aguenta estas divisões de público e as juntas de freguesia que promovem estes eventos com esta calendarização e com esta divulgação nada mais estão a fazer do que a queimar dinheiro.  
Não faria sentido colar o Festival Sons de Verão a esta festa? Não faria sentido organizar uma das feiras de artesanato na altura das festas? Porque tal como se percebe da Feira Medieval, não é uma rua da Senhora da Saúde despida de luzes, de pessoas, de barracas, de vida no essencial que atrai as pessoas  e dá vida a esta festa. É preciso perceber como se atrai as pessoas para a rua Rodrigues Faria e as leva até à rotunda e isto é algo que deve estar ao encargo do turismo e não da comissão organizadora  das festas.  Como diz Pacheco Pereira, é preciso mudar o paradigma, e as festas para sobreviverem terão de obrigatoriamente de mudar.
E já agora, e isto é um pequeno desafio para o turismo esposendense, para quando atividades na sempre esquecida foz do Rio Neiva?

Sem comentários:

Enviar um comentário