1000 anos que viva nunca me esquecerei do que vi e vivi
naquela tarde.
Estavamos num solarengo e quente dia de Julho de 2006 e
a notícia da sua morte chegou.Lembro-me de que as movimentações para se fazer o
funeral que ele havia pedido começaram de imediato.
Como havia sido pedido pelo próprio, seria cremado e lançado
ao mar, então o ponto de concentração para iniciar as cerimónias no edifício
dos Socorros a Náufragos e quando lá cheguei era um mar de caras-conhecidas,
uma verdadeira conferência das nações com pessoas que tinha vindo expressamente
do Algarve, Madeira, Açores, Espanha, França, Angola, Moçambique. Alguns esgotaram meses de
poupanças num billhete de avião para lá estarem, mas era o Prof.º Ribeiro.
Quando chegou a carrinha com as suas cinzas houve alguma
comoção natural do momento, com lágrimas a rodos, mas é nesse que irrompe o “Cheira
bem, Cheira a Lisboa” pela Banda do Galo de Barcelos (um outro pedido do Prof.º
Ribeiro) pelo lado das Piscinas Municipais e com uma
ingenuidade infantil uma das mais respeitadas e temidas professoras da Henrique Medina diz em alto e bom som: “Alegria,
ele queria alegria, nada de choros” e todos irrompem
a cantar o “Cheira bem, cheira a Lisboa”.
O mote estava dado.
Chegados à praia de Ofir, a Banda do Galo de Barcelos tocava o "Cheira bem,cheira a Lisboa" virada para o mar, com um mar de gente vestida de preta com coroas de flores fúnebres e um mar de gente ainda maior em trajes de praia a olhar para aquilo com um ar de espanto e de curiosidade.
É uma cena que não mais me esquecerei, o maestro da Banda do Galo de Barcelos com os pés na água a comandar a Banda.
No fim, o Prof.º Ribeiro esteve sempre connosco.
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