quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Executivo camarário a duas velocidades*

Quase que passou despercebido o facto de, no passado dia 7 de Outubro, se terem assinalado dois anos de mandato do atual executivo camarário esposendense.
A página do Município, órgão oficial, por excelência, da comunicação dos assuntos e atividade da Câmara junto dos seus munícipes, nem sequer publicou uma evocação do acontecimento.
Cumprida metade do mandato autárquico, esta é uma ocasião propícia para ser feito o balanço do estado de cumprimento do programa com que Benjamim Pereira e a sua equipa se propuseram governar o concelho de Esposende durante 4 anos. Um olhar ao que de bom e menos bom foi feito e uma projeção sobre o que ainda falta por realizar até 2017.
Recomenda-se que qualquer poder político, seja a nível local, seja a nível central, tome pulso junto dos seus eleitores, tendo em vista ajustar a política até então seguida, no que se mostrar apropriado e, caso se justifique, fazer as alterações cirúrgicas na equipa executiva.
A esse título, revela-se denominador comum dos últimos governos portugueses que cumpriram integralmente uma legislatura, o facto de, a meio do percurso, ter havido uma remodelação na equipa ministerial.
Por regra, a meio dos mandatos, o primeiro-ministro refresca a sua equipa, substituindo um ministro apagado ou contestado por uma cara nova, ou desfazendo um ministério complexo em dois ministérios.
Embora um executivo camarário não seja sujeito ao mesmo escrutínio que um governo, e não tenha a complexidade que subjaz a muitas pastas ministeriais, não deixa de ser verdade que a governação camarária é, à sua medida, também muito exigente, não sendo incólume aos denominados “erros de casting”.
No caso particular da câmara municipal de Esposende, em que o presidente da câmara e três dos vereadores eleitos (Rui Pereira, Jaqueline Areias e Raquel Vale) já se encontram em funções executivas há 6 anos consecutivos, o juízo sobre a competência e adequabilidade aos pelouros regidos por parte de cada um dos vereadores executivos ganha maior base e atualidade.
Embora não sendo usual a ocorrência de um remodelação da equipa camarária, nada impede, porém, que se faça um ajustamento nos pelouros atribuídos, quando o seu responsável manifesta pouca propensão para os mesmos.
Rui Pereira, vereador com os pelouros, entre outros do Turismo e Desporto, tem promovido, ao longo dos anos, inúmeras iniciativas nas suas áreas de especialidade. Muitas dessas iniciativas envolvem a participação dos agentes económicos locais.
Ora, pela experiência adquirida e boas provas dadas, parece claro, nesta fase da governação camarária, que pelouros como os do Comércio e Indústria, que atualmente estão na esfera da vereadora Raquel Vale, poderiam, muito bem, ser atribuídos a Rui Pereira. Ganhar-se-iam aqui, pensamos, importantes economias de escala e uma abordagem mais estratégica e global no plano económico.
Outro ajustamento que salta à vista é o que se prende com o pelouro da Cultura. Jaqueline Areias não é um Paulo Cunha e Silva, nem tal lhe era exigido, mas 6 anos depois, fica a impressão que a Cultura é um pelouro que está aquém do seu (muito) potencial. A recente polémica da demissão da maestrina Helena Venda Lima da direção coral do Coro de Pequenos Cantores de Esposende e do Coro Ars Vocalis, entretanto revogada pela própria após intervenção direta do presidente da Câmara (o que não deixa de ser sintomático e revelador da perda de autoridade e expressão da vereadora) é apenas mais uma estória de um pelouro que, dificilmente, ficará para a história do executivo de Benjamim Pereira.
O futuro de Esposende que Benjamim Pereira se propôs ganhar durante estes 4 anos está ainda por cumprir na sua plenitude. Volvidos dois anos, distinguem-se claramente as áreas que já se encontram em velocidade cruzeiro, daquelas que ainda continuam a marcar passo. Deixar que tudo continue na mesma, à boa maneira portuguesa, ou dar um novo impulso à sua governação, é o desafio que se coloca ao presidente esposendense até ao final do ano. 

*Publicado no Jornal Notícias de Esposende, n.º 42/2015 - 14 Novembro

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