Quase que passou despercebido o facto de, no
passado dia 7 de Outubro, se terem assinalado dois anos de mandato do atual
executivo camarário esposendense.
A página do Município, órgão oficial, por
excelência, da comunicação dos assuntos e atividade da Câmara junto dos seus
munícipes, nem sequer publicou uma evocação do acontecimento.
Cumprida metade do mandato autárquico, esta é
uma ocasião propícia para ser feito o balanço do estado de cumprimento do
programa com que Benjamim Pereira e a sua equipa se propuseram governar o
concelho de Esposende durante 4 anos. Um olhar ao que de bom e menos bom foi
feito e uma projeção sobre o que ainda falta por realizar até 2017.
Recomenda-se que qualquer poder político, seja
a nível local, seja a nível central, tome pulso junto dos seus eleitores, tendo
em vista ajustar a política até então seguida, no que se mostrar apropriado e,
caso se justifique, fazer as alterações cirúrgicas na equipa executiva.
A esse título, revela-se denominador comum dos
últimos governos portugueses que cumpriram integralmente uma legislatura, o
facto de, a meio do percurso, ter havido uma remodelação na equipa ministerial.
Por regra, a meio dos mandatos, o
primeiro-ministro refresca a sua equipa, substituindo um ministro apagado ou
contestado por uma cara nova, ou desfazendo um ministério complexo em dois
ministérios.
Embora um executivo camarário não seja sujeito
ao mesmo escrutínio que um governo, e não tenha a complexidade que subjaz a
muitas pastas ministeriais, não deixa de ser verdade que a governação camarária
é, à sua medida, também muito exigente, não sendo incólume aos denominados
“erros de casting”.
No caso particular da câmara municipal de Esposende,
em que o presidente da câmara e três dos vereadores eleitos (Rui Pereira,
Jaqueline Areias e Raquel Vale) já se encontram em funções executivas há 6 anos
consecutivos, o juízo sobre a competência e adequabilidade aos pelouros regidos
por parte de cada um dos vereadores executivos ganha maior base e atualidade.
Embora não sendo usual a ocorrência de um
remodelação da equipa camarária, nada impede, porém, que se faça um ajustamento
nos pelouros atribuídos, quando o seu responsável manifesta pouca propensão
para os mesmos.
Rui Pereira, vereador com os pelouros, entre
outros do Turismo e Desporto, tem promovido, ao longo dos anos, inúmeras
iniciativas nas suas áreas de especialidade. Muitas dessas iniciativas envolvem
a participação dos agentes económicos locais.
Ora, pela experiência adquirida e boas provas
dadas, parece claro, nesta fase da governação camarária, que pelouros como os
do Comércio e Indústria, que atualmente estão na esfera da vereadora Raquel
Vale, poderiam, muito bem, ser atribuídos a Rui Pereira. Ganhar-se-iam aqui,
pensamos, importantes economias de escala e uma abordagem mais estratégica e
global no plano económico.
Outro ajustamento que salta à vista é o que se
prende com o pelouro da Cultura. Jaqueline Areias não é um Paulo Cunha e Silva,
nem tal lhe era exigido, mas 6 anos depois, fica a impressão que a Cultura é um
pelouro que está aquém do seu (muito) potencial. A recente polémica da demissão
da maestrina Helena Venda Lima da direção coral do Coro de Pequenos Cantores de
Esposende e do Coro Ars Vocalis, entretanto
revogada pela própria após intervenção direta do presidente da Câmara (o que
não deixa de ser sintomático e revelador da perda de autoridade e expressão da
vereadora) é apenas mais uma estória de um pelouro que, dificilmente, ficará
para a história do executivo de Benjamim Pereira.
O futuro de Esposende
que Benjamim Pereira se propôs ganhar durante estes 4 anos está ainda por
cumprir na sua plenitude. Volvidos dois anos, distinguem-se claramente as áreas
que já se encontram em velocidade cruzeiro, daquelas que ainda continuam a
marcar passo. Deixar que tudo continue na mesma, à boa maneira portuguesa, ou
dar um novo impulso à sua governação, é o desafio que se coloca ao presidente
esposendense até ao final do ano.
*Publicado no Jornal Notícias de Esposende, n.º 42/2015 - 14 Novembro
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