sábado, 26 de março de 2016

Esposende e o seu boletim informativo

Quando pensamos que algumas coisas estão fora-de-moda e que nunca mais ouviremos falar delas é nessa precisa altura que elas voltam a aparecer.
Nunca pensei que na era da internet e da informação ao segundo um jornal, boletim informativo, pudesse causar tanto alarido.
Mas a verdade é que causou... Até parece que voltamos aos anos 80 (o que não é mau de todo).
Falo do boletim informativo lançado pela Câmara Municipal de Esposende (CME).
Sempre fui, e serei, um defensor da separação dos veículos de comunicação das diferentes entidades e neste caso não tenho opinião diferente.
Esposende não precisa mais de jornais e rádios que não fazem mais do que a retransmissão das notas de comunicação ao público da CME, tendo alguns jornais não sido muito diferentes do atual boletim informativo da CME  onde a foto do presidente estava em cada página.
Se alguns acham que patrocinar diretamente os jornais é uma forma de influenciar os meios de comunicação, fazer deles um amplificador das ideias é uma forma de influenciar mais suave, mais indireta mas mesmo assim o resultado é o mesmo.
Compreendo aqueles que dizem que este é mais um encargo para a máquina autárquica, que dizem que este é um esforço adicional dos contribuintes quando estes já pagam a "Esposende em Revista" e os sites do turismo e da CME em si nas diferentes redes sociais. Se esta publicação se mantiver não fará muito sentido continuar a ter uma revista em modo "melhores momentos" já que se em dezembro de 2014 aqui defendi a revista, hoje com esta nova publicação não faz muito sentido continuar com a mesma.
Pessoalmente achei que esta primeira edição teve um ambiente de festa, como teria de ser, apenas com notícias agradáveis e de anunciação que os bons ventos estão a chegar mas penso que no futuro teremos de ter outro tipo de notícias: não ter medo de mostrar o que falta melhorar e explicar o que não corre bem.
Seria interessante também dar voz aos funcionários mais antigos da casa e não apenas ao presidente da CME e (imagino) aos seus vereadores, perceber o que mudou o que melhorou e o que piorou e quais os seus desejos para o futuro, quer em termos de objetivos pessoais, laborais e da cidade em si.
Mas existe algo que neste boletim informativo é da maior importância, as atas das reuniões.
Defendi aqui que a CME deveria enviar uma cópia do seu relatório de contas a todos os munícipes para que todos pudessem consultar quanto se gastava e aonde e a reprodução das deliberações das reuniões camarárias é um passo nesse sentido.
Falta agora passar para as contas, algo que ainda acresceria uma maior transparência a todo o processo de decisão autárquico.
Sei que muitos dizem que este boletim era desnecessário face às novas tecnologias, mas devo relembrar que 1 em cada 3 portugueses nunca usou a internet e com os tempos de crise o número de pessoas que têm acesso a ela de uma forma fixa têm vindo a diminuir.
Se me falarem em utilizar os pontos de acesso Wi-fi que existem na rua ou nos cafés entenderei isso como uma piada de caserna.
O papel impresso tem esta coisa boa, o que lá está escrito não dá para apagar, editar, comentar, fazer "gostos" ou partilhar com os amigos. O que está lá escrito fica como prova do que era pensado num determinado momento e ainda bem, porque como disse Jorge Coelho "isto na política há muita falta de memória".

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