segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Igreja de Esposende - ano novo, começo novo?

Há cerca de dois anos, a revista do Expresso publicou uma reportagem sobre 10 missas no país (5 em Lisboa, 5 no Porto) que estão sempre lotadas ao fim de semana, fugindo do registo de progressiva perda de fiéis nas Eucaristias, que, actualmente, caracteriza muitas das paróquias espalhadas pelo país fora. A missa do Campo Grande, em Lisboa, foi um desses exemplos.
Desde os meus tempos de estudante universitário, que fui paroquiano "emprestado" da igreja do Campo Grande e, sempre que calha estar em Lisboa no fim de semana, tento lá ir. Ontem, dia de arranque do novo ano litúrgico (Ano A - São Mateus), foi um desses casos. 
A missa em questão não foi a que ilustrou a reportagem do Expresso (missa das 12h do conhecidíssimo Pe. Vítor Feytor Pinto), mas outra que também não lhe fica atrás: a missa das 17h45, do jovem Frei Filipe. Para não variar, estava cheia, cheia.
Esta missa tem vários méritos: um padre cativante, com boa oratória, que chega a todos os fiéis, bons leitores, que não comem as palavras, não falam para dentro ou não lêem depressa, e um coro muito dinâmico, desde o número de vozes, passando pelos instrumentos que acompanham as músicas (viola, violino, instrumentos de sopro). Ah, e as músicas interpretadas costumam ser muito boas.
Durante a homilia, contava o Frei Filipe que nessa manhã, quando assistia à Eucaristia pela televisão, só lhe apetecia chorar, não de alegria, mas de tristeza, tantas eram as pessoas acima dos 70 anos que, na quase totalidade, ocupavam os bancos da igreja. Jovens, nem vê-los. Perguntava então, o Padre, o que é que se está a passar para os seus irmãos padres não estarem a conseguir atrair os jovens.
A pergunta, lançada pelo Frei Filipe, não se confina às quatro paredes da igreja do Campo Grande, encontrando eco pelo país fora. A igreja no concelho de Esposende é, também, bom exemplo de que há algo que não vai bem. Há muito tempo.
Se há missas, de norte a sul do país, que conseguem estar sempre cheias, então é porque o problema não se resume somente à falta de crentes. Seria uma justificação demasiado simplista e conveniente para deixar as coisas andarem como estão.
Neste ano novo litúrgico que ora se iniciou, seria bom que a igreja no concelho tomasse consciência que a fórmula adoptada nestes últimos anos não está a servir, tomando acção no sentido de vislumbrar e adoptar novas abordagens, à semelhança das boas práticas seguidas por outras paróquias (como a do Campo Grande), que contribuam para voltar a encher as igrejas locais, como sucedeu até um passado não tão longínquo assim. 

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