quinta-feira, 19 de junho de 2014

Pensar local, agir global

Num mundo vincadamente global, em que a intervenção das empresas vai, muitas vezes, para além da área geográfica onde se inserem, as câmaras municipais podem ser um bom canal de facilitadores de negócios.
Embora tenhamos já a AICEP para promover o investimento em Portugal e a internacionalização das empresas portuguesas, nada impede que as câmaras, dentro das suas possibilidades e à escala de cada uma, possam igualmente (tentar) contribuir para uma dinamização da sua economia local além-fronteiras e, não menos importante, captar investimento externo.
As geminações são, a esse título, uma ideia interessante. Com efeito, a possibilidade de exportar as melhores práticas do concelho para fora pode constituir uma forma de criar oportunidades de negócios. Tentar, pelo menos, não custa.
Recentemente, estive em São Vicente (Cabo Verde), numa peregrinação familiar, a acompanhar o regresso do meu avô, com os seus pujantes 95 anos, às suas origens. Nos inesquecíveis dias aí passados, deparei-me com uma cidade muito procurada por turistas, mas sem um posto de turismo para prestar apoio aos forasteiros; com muitas pessoas a correrem ao final da tarde mas sem uma pista adequada para o efeito; com uma história importante, sobretudo durante a 2.ª Guerra Mundial mas sem saber como capitalizar isso a seu favor; e por aí fora.
Olho para o que falta em São Vicente, seja no plano das infraestruturas seja no plano turístico-cultural, e penso imediatamente em Esposende, em como soubemos actuar bem nessas áreas e como poderíamos, com esse capital de experiência, replicar as nossas melhores práticas noutros concelhos
Apesar das geminações actualmente existentes com as cidades de Ozoir-la-Ferrière (França) e São Domingos (Cabo Verde), dificilmente algum esposendense conseguirá responder sobre os impactos dessas parcerias, excepto tratarem-se de nomes de ruas na cidade. O que é bem revelador do trabalho que está (todo) por fazer nesse domínio. 
Nesse sentido, gostaria de lançar aqui algumas propostas para um tema que tarda a envolver a comunidade esposendense com a amplitude que merece, mas que permanece actual:

- criar, com urgência, um Gabinete de Apoio ao Investimento. Um gabinete de composição diversificada, supervisionado pelo Presidente da Câmara, e que seria responsável pela identificação de áreas e respectivas medidas para atrair investimento no Concelho, assim como para exportar para outros concelhos;
- lançar uma plataforma de "laboratório de ideias", onde a comunidade é convidada a lançar as suas propostas, para posterior análise e tratamento pelo referido Gabinete;
- convidar os municípios de Ozoir-la-Ferrière e São Domingos para as festas da cidade em Agosto, e promover reuniões para debater/identificar áreas de parceria;
- avaliar outros municípios (portugueses e/ou estrangeiros) com quem Esposende possa estabelecer geminações;
- sinalizar esposendenses nas comunidades espalhadas no Brasil, Alemanha, França, Suécia, etc., e que possam actuar como agentes nesses territórios tendo em vista identificar potenciais formas de actuação do concelho e das suas empresas, bem como, num fluxo inverso, captar investimento externo.

Volto ao início. Num mundo vincadamente global, a câmara de Esposende não pode deixar de aproveitar o domínio das geminações para (tentar) fomentar oportunidades de acção, bem como de aproveitar a sua comunidade espalhada pelo Mundo para serem interlocutores privilegiados junto de agentes económicos, culturais ou sociais e, a partir daí, tentar gerar também oportunidades de acção.

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