Desde sempre ouvimos nos diversos meios de comunicação
social de Esposende as queixas (por vezes fundadas) dos representantes do poder local das
freguesias a sul do rio Cávado a falarem da falta de investimento nas suas
freguesias, mas hoje em dia considero que as freguesias que mais se podem
queixar são as freguesias de Antas e Forjães, o verdadeiro bloco nórdico
esposendense.
Começando por Forjães, as suas fronteiras com os concelhos
de Barcelos e Viana do Castelo fazem com que seja uma plataforma de rotação
natural com esses mesmos concelhos, quer a nível industrial quer a nível de
serviços, podendo servir como uma mini-referência nas freguesias próximas como
aglomeradora de indústrias.
Se acham que isto parece algo demencial, reparem o que foi
feito na zona industrial de São Romão do Neiva. Foi instalada uma das maiores (senão a única)
fábrica de armamento do centro e norte de Portugal, uma das maiores
metalomecânicas do norte de Portugal, e uma pequena companhia de vedantes
especiais japonesa, que transformou São Romão do Neiva na freguesia com mais
emigrantes japoneses em Portugal e onde
está centralizada grande parte das representações da comunidade japonesa do norte de Portugal e Galiza (em alguns casos é de Portugal Continental), e a fábrica de resinas que já pertenceu à Eni (Agip), empresa italiana que comprou parte da Galp,
e que fez das matrículas italianas uma normalidade naquela zona. Dito assim até parece que é fácil, mas não é.
Sei também que isto é possível devido ao facto de este ser um concelho de uma
capital de distrito mas é esta dinâmica que temos de aproveitar em nosso
proveito, e temos de perceber como alimentar estas empresas em termos de
serviços e essa proximidade é muito
benéfica. Estando Forjães apetrechada de serviços que permitem manter
uma população residente fixada, seria desejável que isto fosse colocado num
plano de atração de pessoas.
No bloco nórdico está também a menina dos meus olhos:
São Paio de Antas, o gigante adormecido.
Antas tem tudo para ser a capital do turismo do concelho de
Esposende, já que é a única que consegue ter rio, mar, monte e campo.
O rio Neiva continua a ser um parente muito pobre do rio
Cávado e que pouca visibilidade tem nas atividades desportivas e recreativas no
concelho de Esposende, tendo este
condições naturais muito mais favoráveis para criar infra-estruturas de lazer e
convívio nas suas margens, que se encontram desabitadas, de fácil acesso e
uma proximidade com o rio que o rio Cávado não permite. Sei que as praias não são as mais favoráveis
para serem exploradas e que constantemente elas se tornam quase impraticáveis. Os montes e campos que existem tornavam muito
viável a existência de hotéis e turismo de habitação de capacidade média para
que este destino pudesse ser vendido como um destino de fuga de fim-de-semana, ou
mesmo de aventura se fossem criados trilhos para caminhadas. Podemos também
pensar em fins-de-semana de caça.
Quase despercebida é a zona industrial do Neiva, que se
tornou uma zona industrial de uma forma quase autodidática e que serve quer
para consumo concelhio e consumo do concelho vizinho. Esta zona mereceria ser
fundida com a zona industrial de Forjães para criar um pólo industrial a norte
do concelho. Seria fácil? Não, mas ter estes recursos espalhados é deitar
esforço pela janela fora. O facto de ter um nó
da A28 e de surgir antes de um pórtico surge como uma mais valia para atrair
pessoas que aumentem a massa crítica de pessoas nesta freguesia.
Em termos de
infraestruturas e de associações, Antas conta com instituições que em poucas
freguesias vemos, tal como a Banda de
Música de Antas que é a única no concelho e que traz muitos jovens de outros
concelhos para Antas, o clube de caça e a Associação do Rio Neiva, algo que
falta em Esposende. Estas associações
mereceriam mais consideração e mais apoio por parte do poder local porque são este tipo de associações que criam identidade, que criam um gosto, que fixam
pessoas.
Com isto não quero dizer que não veja potencial em mais
freguesias, mas estas parecem-me os casos mais berrantes do nosso concelho.
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