quinta-feira, 10 de julho de 2014

Hotel Nélia, memória ou futuro?

Antes de mais, digo que tudo o que vou escrever aqui nada tem de persecutório da família em causa e nada tem de crítico acerca da gestão dos espaços.Apenas me interessa a utilização do espaço e do que fazer com ele. 
  
O Hotel Nélia apresenta-se como um dos casos mais flagrantes de um mau uso das valências turísticas esposendenses. Se juntarmos ao Hotel Nélia o Hotel do Pinhal do Ofir e a Pousada da Juventude de Fão, é fácil perceber que, para a nossa dimensão, são demasiados espaços devolutos e em posição priviligiada, e uma Pousada que parece que não existe nos roteiros de férias.
Um hotel devoluto no centro de uma cidade como Esposende é privar a cidade de um pólo de atração de pessoas, turistas, conferências, reuniões, fins-de-semana de empresa, já que quem se lembra bem do Hotel Nélia a funcionar lembra-se da quantidade de grupos e de pessoas que ali afluíam e que hoje se perderam e já não voltam. 
Este hotel seria um pilar importante para criar em Esposende as condições para um turismo de Primavera/Outono, fora das alturas de Verão onde o nosso clima não permite ser uma mais-valia perante outros destinos. 
Com esta orientação, seria possível criar uma dinâmica de grupos de turistas do norte da Europa e Europa central que geralmente nos visitam nessas alturas, e estes ficam mais do que uma semana, e vêm dispostos a gastar dinheiro nos restaurantes, lojas, rent-a-car e esse mercado seria o mais apetecível e o mais próximo de ser satisfeito atentas as nossas capacidades turísticas.
Mesmo que não fosse possível de abrir um hotel a plena capacidade, já me daria por satisfeito se o café fosse reativado. Falta a Esposende um local de tertúlia, um local onde seja agradável estar, conversar, beber um copo e onde a decoração do interior não nos atire para o minimalismo, paredes de cores creme e cadeiras em materiais sintéticos de formas estranhas e música aos berros. Algo do género pub inglês ou taberna espanhola, que seja agradável no Verão e acolhedor no Inverno. Não me digam que um café com varanda sobre a “Rua direita” não faria sucesso.
Sei que me dirão que o Hotel encontra-se em mãos de privados, e que seria necessário investimento quer na aquisição, quer na recuperação. Mas para que temos empresas públicas criadas a partir da Câmara Municipal senão para estes casos?  De que nos interessa ter empresas com contas limpas se não existir investimento? Este é um dos investimentos que seria altamente justificável, nem que seja via expropriação, nem que seja via angariação de investidores para ele, para o retirar do estado em que se encontra.
Para quem anda neste mundo sabe que para o ano teremos o Rally de Portugal de volta ao Norte de Portugal. Seria importante tentar aproveitar a mais do que provável enchente de pessoas para ver a prova, vindas de Portugal e Espanha, e a presença das diversas equipas que precisam de alojamento. Como? Associando-se desde já à prova. Sei que o preço para ter a passagem da prova é elevado mas ser parceiro oficial requer menor esforço mas ainda substancial, mas não me venham já dizer que não podemos retirar proveito deste evento. Já chega não termos conseguido retirar proveito do Euro 2004, alguém se lembra?
Para quem anda neste mundo da hotelaria, e mesmo para mim que não anda, sabe que existe um projecto de abrir um hotel em Viana do Castelo com foco no mercado chinês e russo. O que nos falta para acolher este espaço? O que nos falta  para nos podermos dedicar a nichos de mercado?
Olhando para as movimentações da disponibilidade de vôos das companhias de baixo-custo tenho a convicção que o aeroporto do Porto perderá passageiros com a abertura da base RyanAir em Lisboa e da ampliação do Terminal 2 de Lisboa que já levou para Lisboa alguns dos vôos que estavam no Porto. Este conjunto de alterações leva a que o turismo de “fim-de-semana” sofra uma baixa e se veja o turismo de média duração a subir e uma idade média também mais elevada. Claro que isto é algo que o Porto e a região Norte terá de contrariar, mas isso daria para outro artigo.
Um bom exemplo é o centro de atividades Kook Proof (que irei falar mais em detalhe neste blog) que desde que abriu já recebeu a visita de dezenas de turistas e quase todos dos países nórdicos e anglo-saxónicos e que chegam cá dispostos a gastar dinheiro no comércio local mas que não se importam de preservar a natureza.
Esposende deve apostar na classe e na elegância, porque elas nunca saem de moda.

1 comentário:

  1. Caro Manuel Pereira. Li o seu já "antigo" artigo com muito interesse pois além de me interessar pelas dinâmicas das cidades e locais, sou consultor imobiliário com alguns contactos internacionais e um deles mostrou interesse no Hotel Nélia. Esposende é uma cidade que começo a conhecer melhor agora e gosto muito. Gostava de trocar algumas impressões consigo se não se importa-se. Eu posso ligar-lhe se quiser. O meu nome é Mário Rodrigues da SAFTI Portugal, Tel: 966 005 088, e-mail: mario.rodrigues@safti.pt.
    Os meus melhores cumprimentos.

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