domingo, 28 de dezembro de 2014

Multivisões de Esposende

Antes de mais, faço já a minha declaração de interesses dizendo que nada tenho contra a marca em questão, nem que tenho algum interesse nesta área de negócios.

Como muitos já devem ter verificado, recentemente foi inaugurada uma nova loja na Rua Direita da rede Multiópticas e um posto de abastecimento da Prio nas antigas instalações da Cipol na EN13. Não tenho nenhum problema com a abertura destas lojas já que, acima de tudo, vieram ocupar instalações que estavam quase ao abandono, no caso da bomba de gasolina, e outro que se poderia arrastar por demasiado tempo no centro da cidade mas as suas aberturas, na minha qualidade de comum cidadão, levantam-me algumas interrogações a dois níveis.
A primeira questão é a sustentabilidade destes negócios.
Sei que me dirão que o natural correr do negócio se encarregará de mostrar se estes estabelecimentos têm clientela ou se ainda têm mercado para se manterem e crescerem, mas tenho a percepção que oculistas e ópticas em Esposende já existem em bom número e só à custa das lojas já existentes é que poderá crescer, o que com a máquina de publicidade que a Multiópticas tem e a capacidade de resposta em termos de variedade e de preços dos seus produtos faz com que o futuro dos lojistas já existentes seja cinzento.
No caso da gasolineira, o meu espanto não é tão grande, já que grande parte dos seus concorrentes estão na zona Esposende/Gandra e naquela parte do concelho existiam poucos postos de abastecimento mas com a abertura do posto da Repsol e a renovação do posto da Galp, parece-me que a sua sobrevivência se vai basear nos preços baixos praticados pela Prio e que vai afetar todos os outros concorrentes.

A segunda questão que eles me levantam é o ordenamento urbanístico em termos de comércio.
Não espero que Esposende seja diferente do restante país. Andando pelas ruas de Portugal é fácil reparar que hoje em dia o número de lojas encerradas é muito maior do que há 4 anos atrás e que as zonas comerciais estão votadas ao abandono mas é nestas alturas que é preciso reorganização. 
Andando pelas ruas de Esposende é fácil perceber que existem muitas lojas abandonadas, principalmente  no seu centro e zona sul. 
As galerias comerciais Rodrigues Sampaio, a Praça Dom Frei Bartolomeu Dias e as ruas adjacentes, e quase todas as ruas da zona Sul que têm acesso ao Bairro Social e ao Cemitério, são um bom exemplo disso.
Se não existe nenhum paternalismo da minha parte para com a marca “Nélia”, sei também que seria necessário e desejável que os espaços comerciais na Rua Direita e Largo Rodrigues Sampaio sofressem alguma diversificação e esses espaços não se tornassem espaços-fantasmas a partir das 18:00.
Seria importante e desejável que existissem locais que levassem pessoas e vida a estes locais e que não fossem apenas centros de negócios. Se Esposende quiser ser uma cidade de turismo e agradável a quem nos visita é importante que as nossas principais ruas possam ter vida. 
Alguns dir-me-ão que as lojas também são um atrativo, e eu responderei “Certamente”, mas esse cenário ainda é algo longe, já que seria necessário que o turismo que nos visita sofresse uma mutação em termos de capacidade financeira dos mesmos. Conheço uma vila muito simpática na  Suiça que faz das lojas na rua principal uma atração, mas ainda não chegamos a esse nível, tenho pena.
É necessário perceber por parte das diversas entidades se a forma como estão distribuídas as licenças para comércio e que licenças estão a ser atribuídas neste momento. Confesso aqui a minha ignorância neste campo, mas se podemos limitar a hora de abertura dos espaços noturnos e a própria abertura destes certamente, poderemos fazer este rastreio e a orientação dos mesmos.
Como habitante faz-me confusão que haja apenas 1 local para comprar o jornal em toda a zona sul (e é junto à rotunda da Solidal) enquanto se tropeça em cafés a cada 100 metros e que quase não existam escritórios apesar de haver edifícios com lojas que nunca as viram ocupadas.
Mas para fazer este tipo de alterações é necessário fornecer algumas infraestruturas, tal como estacionamento, serviços de apoio, facilidades em alteração de desenho das lojas e de arquitetura. Não podemos esperar que se abram lojas em locais com dificuldades de estacionamento e passeios reduzidos. As mesmas facilidades que foram dadas a quem se instalou na Zona Industrial  e que permitiu que diversos negócios se lá instalassem que poderiam estar na cidade e que intensificaram ainda mais a desertificação no comércio.
Como já  escrevi muitas vezes neste blogue, é altura de tomarmos nas nossas mãos a nossa cidade.

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