Como é tradição, este ano e mais uma vez, cumpriram-se os rituais da Semana Santa; a Semana Maior para todos os cristãos.
Esposende tem, inquestionavelmente, uma grande tradição no que toca a estas cerimónias religiosas, cujos pontos altos são as celebrações de Quinta-feira, com a Missa de Lava-pés e a procissão dos Passos com o Sermão do Encontro, e Sexta-feira, com a missa da Paixão e a procissão do Enterro do Senhor.
No entanto, estas cerimónias têm vindo, de forma acentuada, a perder cada vez mais pessoas que nelas participam ou simplesmente a elas assistem.
Se há uns anos atrás, no que toca ao sermão do encontro, não era raro ver o Largo Rodrigues Sampaio apinhado de gente, hoje em dia vemos cada vez menos gente e cada vez mais, as mesmas pessoas...
Ainda vai havendo um certo "bairrismo" no cumprimento destas tradições, e a esses "bairristas" tiro-lhes o chapéu!!! Há famílias que fazem centenas de quilómetros para "dizer presente" nas tradições da terra que os viu nascer, incutindo aos seus familiares mais novos, a força destas tradições que os nossos antepassados preservaram através de séculos.
É uma manifestação de um "bairrismo" salutar, à qual tiro o meu chapéu..
Mas, voltando a centrar a questão na falta de pessoas que assistem a estas cerimónias, Esposende tem tem de criar mecanismos de atracção efectiva de "forasteiros" à nossa Semana Santa. Todos sabemos que a facilidade meios, que caracteriza os nossos dias, leva cada vez mais gente à sede do distrito para assistir ao culto na Sé e nas ruas de Braga, mas cabe-nos a nós, repensar a nossa estratégia e tentar inverter esta tendência.
A Semana Santa em Esposende não pode ser apenas para, como se diz, "cumprir calendário"; a Semana Santa em Esposende encerra em si séculos e séculos de história, e deve ser mantida e potenciada.
Na minha modesta opinião, deverá existir uma articulação efectiva entre a fábrica da igreja, a Santa Casa da Misericórdia e a Câmara Municipal, nomeadamente do seu pelouro do Turismo,de modo a capitalizar esta "riqueza" do Concelho. Cabe à Fábrica da Igreja e à Santa Casa a dinamização destes "entendimentos" a nível religioso, repensá-los e actualizá-los sem os desvirtuar, tendo em vista um plano para cativar mais assistência, até mesmo da área do Concelho.
Para isso devem ter em conta que a tradição é que faz com que as coisas perdurem e não é com mais anjinhos, com mais cânticos, com mais bandeiras, com mais, mais, mais que se conseguem as coisas; o "menos é mais"quando tem qualidade e um regresso às origens (não muito distantes) das nossas tradições, já estudadas e colocadas em livros, poderá fazer a diferença.
Temos de promover o Concelho, noutros tipos de oferta turística (que não só a gastronomia ou as nossas paisagens). Podemos promover o Concelho, também pela sua cultura religiosa, pela oferta que ela proporciona e do muito que tem ainda para dar.
De salientar, este ano, a recuperação da tradicional "Queima do Judas", momento de agrado geral, que a alguns deixou "parte da saca" no seu "testamento". Aos que nada deixou e que ficaram certamente expectantes, esses deverão aguardar, pois, para o ano haverá mais. Mais um ponto de interesse a somar a uma Semana Santa tão rica...
A todos os meus votos de uma Santa e Feliz Páscoa.
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