sábado, 22 de agosto de 2015

Presenças, paradas e procissões.

Hoje, tal como no passado, as paradas militares são demonstrações de poder e vitalidade de um exército e de um povo.

Hoje, tal como no passado, as procissões são a demonstração de poder e vitalidade da instituição religiosa que as organiza.
Tal como nas procissões, também nas paradas militares existe toda uma liturgia, todo um encadeamento de rituais e de simbologia que visam agregar e imbuir num espírito de corpo e unidade quem nelas participa.
Mas nem sempre os principais protagonistas são os diretos intervenientes, quer das paradas, quer das procissões, sendo muitos são os casos em que a presença dos líderes políticos, religiosos e militares suplanta o próprio evento em si.
A presença destes convidados é sempre um instrumento político para o convidado e para o convidante.
Se no caso das paradas querem demonstrar aliança política, militar e económica, nas procissões querem demonstrar a aliança de costumes, moral e valores éticos.
Nada de novo até aqui.
Não discuto nem avalio as convicções religiosas de cada um, não é algo mensurável, mas avalio e comento a presença dos representantes das forças vivas políticas e sociais nas procissões, principalmente na maior procissão do concelho de Esposende.  
Ainda hoje não me consigo habituar à sistemática presença de grande parte do elenco político esposendense, da Câmara à oposição, nas procissões religiosas em especial a da Nossa Senhora da Saúde.
Será mesmo preciso virem presidentes, vice-presidentes, vereadores, presidente da junta de freguesia e outros mais que não consigo enumerar ? Penso que não.
Claro que alguns me dirão que o convite é feito pela comissão de festas e/ou pela paróquia de Esposende e outros também me dirão que sendo a principal festa da cidade que era imperativo ter as suas forças vivas presentes.
Compreendo tudo isso, mas não aceito nada disso.
Num ato natural de recato e de separação de poderes de quem tem responsabilidades políticas, estas atividades religiosas deveriam ter uma presença mais moderada e resumida. Gostaria de ver tal presença nas atividades religiosas das diferentes congregações religiosas existentes em Esposende, desde as correntes Evangelistas até às Testemunhas de Jeová.

Nesse dia podem ter a certeza que estarei aqui a felicitar quem tomou essa atitude.
Espero que pelo menos os nossos políticos locais tenham tido a oportunidade para verificar a necessidade da recuperação urbanística da rua onde a festa é feita e a aterradora quantidade de prédios devolutos tão perto do centro da cidade.
A Igreja tal como o Exército deve ser mantida afastada do Estado. Os 3 devem conviver afastados para que o Estado se mantenha livre de pressões, orientações e bajulações a intervenientes que não o povo que o compõe. As 3 entidades devem viver preferencialmente nos seus locais habituais: os quartéis, as igrejas e os ministérios.
Se exijo um Estado desmilitarizado também exijo um Estado laico e um Estado laico não é apenas um Estado que não vê a Igreja como autoridade, mas também um Estado que não se alavanca na Igreja para fazer dela veículo das suas ideias  e fonte de simpatias.

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