quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O desporto pelo desporto!

Eduardo Viana, comentador da Esposende Rádio, referiu-se à claque de apoio da Associação Desportiva de Esposende, os Lobos do Mar (Site Ultras Lobos do Mar), como um grupo de jovens “que se vendiam por uma cerveja e uma bifana”. E esta frase deixou-me muito alterado e, até posso mesmo dizer, chocado.

Como todos sabemos, a ADE por estes dias vive nos últimos lugares da tabela mas mesmo assim este grupo conseguiu formar-se e aumentar o seu número de elementos, mesmo sem o bálsamo dos resultados desportivos e sem apoios por parte da instituição em si que vive uma fase de sobrevivência apertada, e isto só aumenta o meu respeito por quem todos os domingos acorre ao Estádio Padre Sá Pereira em busca de nada e apenas por amor à camisola.
Mas esta frase é mais do que uma frase deslocada ou do que uma infeliz frase, e não querendo crucificar Eduardo Viana porque não é ele o culpado-mor, é uma forma de pensar instituída em diversas camadas da sociedade esposendense já que num concelho cheio de particularidades o desporto do concelho não é excepção, e passo a referir os dois grandes pontos que me levam a estas conclusões.
O 1º ponto é que não conheço mais nenhum concelho onde a gestão camarária tenha prejudicado a prática desportiva da sua cidade-sede como o de Esposende. As principais estruturas desportivas do concelho encontram-se fora de Esposende, com o Estádio Municipal a ser esquecido em sucessivos mandatos e a necessitar das verbas governamentais para ter obras de requalificação, enquanto as freguesias vizinhas viam-se dotadas de novas infra-estruturas, quer ao nível de centros de treino, quer ao nível de pavilhões, quer mesmo ao nível das atividades marítimas que se deslocaram de Esposende.  Pergunto-me como é que estas instituições e juntas de freguesias conseguem ter este fôlego financeiro para construir e manter estas infra-estruturas e que política é esta que permite a dispersão de infra-estruturas.
Claro que me vão dizer que o Estádio Municipal Padre Sá Pereira foi renovado, mas foram precisos diversos anos até que as obras se dessem no local onde a maior associação desportiva do concelho (em termos de pessoas) tinha a sua casa.  
As instituições esposendenses terem de recorrer aos pavilhões da escola secundária e do ciclo preparatório por não existir um pavilhão municipal na cidade-sede é algo do domínio da comédia!  
Mas quais instituições? E aqui chego ao meu 2º ponto, o estranho desaparecimento das associações em Esposende.  
O final da década dos 90’s trouxe um período negro para o associativismo desportivo em Esposende, onde grande parte das equipas desportivas de Esposende desapareceram: andebol, basquetebol, natação, judo, atletismo, canoagem, e o futebol ficou como a única atividade existente.  Mas tornou-se um período negro não pelas condições de vida do concelho mas pela degradação das expectativas e vontade das pessoas, e aqui incluo a minha geração, que ficaram desiludidos não só por um sentimento de revolta pelo não reconhecimento do esforço que haviam colocado nas suas equipas como um certo desencanto pelo desporto apenas pelo desporto, e como se as instituições locais fossem apenas uma fonte de chatices e de incómodos que apenas os que não conseguiam fazer o seu quotidiano nos centros urbanos vizinhos se refugiavam. Parece que os Esposendenses se acomodaram e perderam algum brio nas suas associações e deixaram que o centro das decisões fosse mudando.

Com isto não ponho em causa o mérito das vitórias das instituições do resto do concelho, sinto-as (e quando a nível nacional) como se fossem do meu bairro, casos do Paulo Rodrigues, do João Ribeiro, da Teresa Portela, do Tozé, etc, etc.
E é este sentimento que estes jovens vêm abanar, mostrando que em Esposende também as pessoas, e os jovens, se sabem organizar e multiplicar em atividades lúdicas e associações das mais diversas sensibilidades (fica aqui o comentário do meu companheiro de blog João Felgueiras sobre o teatro amador GATERC) e que estão dispostos a romper com a adoração dos velhos deuses.

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