quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O Estranho Caso de Custódia Magalhães

Não sei se João Cepa, caso não se tivesse desiludido com Passos Coelho e fartado da (des)atenção votada pelo PSD nacional a Esposende, tomaria a iniciativa de denunciar a «inexatidão profissional relevante» contida no despacho de nomeação de Custódia Magalhães para diretora executiva do Agrupamento de Centros de Saúde do Grande Porto I - Santo Tirso/Trofa, nomeação essa que foi, então, vista por muitos como um caso flagrante de job for a boy (neste caso, for a girl). 

Mas sei que Benjamim Pereira, ao ter escolhido Custódia Magalhães para coordenar o recém-criado Gabinete de Apoio às Juntas de Freguesia  segundo decorre da excelente entrevista que João Cepa deu ao Jornal Notícias de Esposende, já aqui dissecada, e que não foi, até à data, desmentido pela Câmara Municipal –, cometeu um erro político que o contexto desaconselharia de todo e que não favorece a sua ainda breve carreira de presidente da Câmara Municipal de Esposende.

Estava o Verão de 2012 a dar os últimos suspiros, quando o país ficou perplexo com a nomeação de Custódia Magalhães para diretora executiva do Agrupamento de Centros de Saúde do Grande Porto I - Santo Tirso/Trofa.

Tudo porque, de acordo com a denúncia exposta por João Cepa, então presidente da Câmara Municipal de Esposende, o currículo atribuído a Custódia Magalhães apresentava «inexatidões profissionais consideradas relevantes», em particular aquela que dava conta do exercício de funções de Coordenadora da Divisão de Assuntos Jurídicos da Câmara Municipal de Esposende, entre 2004 a 2012, quando, segundo João Cepa, tal exercício ocorreu apenas «durante um curto período de tempo, tendo sido exonerada em 2008 por incompetência» e por «faltar demasiado ao serviço».

Na mesma denúncia, ficámos também a saber que Custódia Magalhães, nos últimos 4 anos, apresentara mais de 50 atestados médicos, estando ausente do serviço mais de 600 dias, o que levou João Cepa a concluir, ironicamente, que apresentava «o perfil adequado para dirigir um agrupamento de Centros de Saúde».

João Cepa indignou-se, o país indignou-se com ele, e Paulo Macedo viu-se forçado a voltar atrás na decisão de nomear Custódia Magalhães para tão prestigiante cargo.

Assentada a poeira do final de Verão de 2012, eis que Custódia Magalhães regressa, agora, à casa de partida. Lamentavelmente, a falta de explicações sobre a escolha feita e as razões que a motivaram, não permite obter o esclarecimento que se impõe, e que se deseja, sobre o porquê de alguém que foi exonerado «por incompetência» e «por faltar demasiado ao serviço», merecer, agora, a confiança e responsabilidade para coordenar tão prestigiante gabinete autárquico. 

Se Custódia Magalhães foi, realmente, vítima de animosidade política por parte de João Cepa, ou se as baixas médicas que apresentou foram perfeitamente justificáveis, sendo, portanto, infundadas as acusações de que faltou demasiado ao serviço, um comunicado esclarecedor da Câmara, e até mesmo da própria, restaurava a credibilidade do seu percurso profissional na Câmara e, por outro lado, cumpria o propósito de suportar a sua escolha.

Doutro modo, e na ausência de qualquer esclarecimento, subsistirá a dúvida sobre o que terá motivado Benjamim Pereira para dar um voto de confiança a quem o seu antecessor, anos antes, exonerara «por incompetência» e por «faltar demasiado ao serviço»...

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