Num concelho com o nosso relevo acidentado e de população
demasiadamente distribuída fica difícil a escolha de locais propícios para a
instalação de unidades fabris, e ainda mais difícil a instalação de aglomerados
de unidades fabris. E juntando as condicionantes de termos de proporcionar os
melhores acessos às vias de comunicação (vulgo A28 e N13) e de preservar as
zonas de paisagem protegida, temos um verdadeiro quebra-cabeças.
Neste contexto, a Zona Industrial de Esposende surgiu como
uma lufada de ar fresco e uma possível saída para este problema, mas hoje é uma
oportunidade quase-perdida.
Se no início a primazia foi a adjudicação dos terrenos a
empresas que queriam lá instalar as suas unidades fabris (ou o equivalente), a verdade é que após alguns meses começamos a assistir a uma transfiguração
daquela zona, com o advento de lojas dos chineses, lojas de vestuário,
ginásios, cafés, culminando em 2005 com a instalação do Modelo e mais recentemente com o posto da Repsol. Dos
diversos parques industriais que já fui conhecendo na minha vida profissional
nunca conheci nenhum que tivesse um
supermercado e um posto de combustível num espaço tão reduzido (podem-me dizer que o da Maia tem, mas as
dimensões são outras) nem tal presença de
comércio como este.
Claro que muitos me dirão que esta é a forma mais rápida e
mais vantajosa para os proprietários dos pavilhões e dos terrenos reaverem o
seu dinheiro e que o preço de um espaço para comércio é bem mais valorizado do
que o espaço para indústria e que é uma forma de animar aquela zona, mas fará
sentido? Lembro-me de em conversas particulares algumas pessoas me
terem referido o preço do m2 industrial de Esposende ser claramente o mais caro
da zona norte e mais recentemente recordo-me das dificuldades de uma das promotoras
imobiliárias em fazer negócio com alguns lotes de terreno naquela zona devido
ao preço. Tendo em conta as restantes agravantes da distância a Viana
do Castelo, Braga e Porto, este parque fica sempre preterido em relação a todos
os outros numa comparação de custo-benefício.
Em que nos prejudica esta situação?
1)A fuga de mão-de-obra e do emprego. Sem a presença de
indústrias que permitam agarrar as pessoas às suas localidades não teremos
nunca condições para termos objectivos e visões mais auspiciosas, nunca teremos
os recursos necessários para que o dinheiro seja distribuído pela sociedade
esposendense, quer seja pelos comerciantes, arrendatários, escolas, hospitais,
cafés.
2) A deslocalização do comércio. A instalação de grandes
lojas naquela zona faz com que as pessoas esqueçam o centro e as lojas das suas
freguesias.
3) Criação de “ilhas”. Afastada de tudo, aquela zona
torna-se apenas acessível por automóvel e com os encerramentos de algumas lojas
torna-se uma zona perdida.
O que podemos fazer?
1) O que advento sempre: Retomar nas nossas mãos o destino da
nossa sociedade. As licenças para comércio e outras atividades devem ser
restringidas naquela zona, quer as novas como as renovações.
2) O comércio deveria ser apenas permitido às empresas que têm
as suas fábricas no mesmo pavilhão.
3) Um plano de transferência de empresas presentes noutras
freguesias deve ser facilitado e incentivado, para garantir uma ocupação
satisfatória do espaço quer a nível de utilização final do espaço.
4) Transportes públicos dedicados. Faria sentido colocar uma
carreira que privilegiasse a movimentação das pessoas para aquela zona.
5) A adjudicação de mais espaços para comércio de grande
dimensão. Aproveitar os espaços paralelos à N13, em especial atrás do
MercAtlas, para colocar as grandes lojas.
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