segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

João Cepa anda por aí...

É das normas do comentário político, desportivo, culinário, ou de outra coisa qualquer, que não se comentem os comentadores, mas alguns comentadores, devido ao seu passado e ao envolvimento com aquilo que comentam, merecem ser comentados e criticados pelos seus comentários.

Falo do comentário de João Cepa aquando da saída da “Esposende em Revista” no seu blogue.
João Cepa enaltece o seu passado e ajusta contas com o seu sucessor, fazendo os possíveis para esvaziar o mandato de Benjamim Pereira de sentido, conteúdo ou profundidade até ao presente dia. 

Acompanho algumas das críticas a Benjamim Pereira no que diz respeito a alguma inépcia do actual executivo, mas João Cepa não pode e nem deve criticar Benjamim Pereira porque ele próprio é o maior responsável pela dinâmica e pelo executivo que deixou como legado a Benjamim Pereira.
João Cepa não é igual aos outros, não é um anónimo cidadão, um ilustre desconhecido, um calmo pagador de impostos. João Cepa geriu a Câmara Municipal durante 3 mandatos e isso impõe-lhe um período de silêncio, um período de “nojo” da vida pública e de comentar o seu sucessor.

João Cepa não pode ser o “presidente”, como muitos ainda lhe gostam de chamar, apenas para receber medalhas de honra, louvores, menções nos jornais, artigos no jornal, artigos nos blogues e depois ser apenas mais um entre a multidão. Existem certos lugares cuja responsabilidade não acaba no dia em que os deixamos mas nos acompanham por muitos e longos anos e ser autarca é uma delas. 

Alguém vê Rui Rio a falar sobre Rui Moreira, Mesquita Machado sobre Ricardo Rio, Carmona sobre António Costa, ou viu Luís Lamela a falar de José Felgueiras, ou José Felgueiras a falar sobre Aurélio Neiva?  
O que é que ele traz de valor, de novo, de frutífero quando diz que tudo o que existe hoje foi obra dele? O que traz de novo quando diz que vieram cá umas pessoas supostamente importantes? Além de ser um comentário mesquinho relembra-me que ninguém sequer supostamente importante esteve cá durante o mandato João Cepa. 
Será que João Cepa nos seus primeiros anos não recebeu projectos em andamento e que já tinham sido adjudicados por Alberto Figueiredo e que lhe deram o “fazer obra” a que ele se refere?
E por falar em Alberto Figueiredo, voltemos por momentos a 1998, quando João Cepa assume o seu mandato em Maio devido às diversas suspensões de mandato de Alberto Figueiredo atenta a sua vontade de ir para a Assembleia da República. Pensa João Cepa que o seu antecessor não teria muito para dizer acerca do seu sucessor? Estamos a falar do homem que inaugurou as Piscinas Municipais, o parque radical, fez a marina de recreio, lançou as bases para a reformulação da Marginal, fez a Biblioteca Municipal, inaugurou o novo Ciclo Preparatório, entre outros. Nem com mais 15 anos de mandato João Cepa faria metade disto, então porque critica ele Benjamim Pereira?

Pensa João Cepa que não haveria órgãos de comunicação interessados em crónicas de Alberto Figueiredo? Sei bem que nessa altura a Câmara estava sobre auditoria do IGAT e mais tarde surgiu a carta de Cruz Novo no “Voz das Marinhas” a referir-se a casos de corrupção no licenciamento de obras e isto fez com que a sua imagem pública estivesse danificada mas mesmo assim, seremos ingénuos a pensar que não seria uma opinião válida e que levantaria algum interesse?
E depois temos o “Fazer” e  “Aparecer”.
João Cepa, continuamente, gaba-se da situação financeira em que deixou a Câmara Municipal, que acredito que seja verdade, e sei que uma autarquia com défices excessivos leva a um inevitável aumento de impostos, mas o que me importa como cidadão que a Câmara tenha 2 milhões no banco e isto tudo seja um “jardim bem tratado” se os licenciados continuam a migrar para o Porto, Braga e Lisboa para terem emprego?  O que interessa os 2 milhões quando as empresas não se fixam no concelho? O que interessa os 2 milhões quando o concelho se torna um deserto durante 5 dias por semana, 11 meses por ano? Até poderia ter 100 milhões, mas o que me importa se tudo vive estagnado? Se tivéssemos mais pessoas, mais empregos, mais impostos talvez houvesse mais dinheiro para “fazer obra”, se tivéssemos zonas industriais verdadeiras e não “zonas dos chineses” talvez pudéssemos “fazer obra”, e se tivéssemos mais dinheiro ganho desta talvez hoje precisássemos menos de “Aparecer”. 
Se ele privilegia tanto o rigor financeiro, e se gaba dele, porque critica quem não quer gastar mais do que tem ou se quer restringir ao que lhe está garantido por outras vias de financiamento? 
Se João Cepa ainda não percebeu que neste momento a grande saída em termos económicos do concelho é “aparecer” e ir se mostrando cada vez mais, tendo que ir buscar cada vez mais publicidade para si, quer em termos de turismo, quer em termos de indústria, é porque ainda não percebeu muita coisa, mas algo me diz que ele percebe bem melhor do que eu esta questão.
Concordo que é necessário separar o que é informação, propaganda e publicidade. Concordo que os constantes boletins noticiosos devem ser o mais laicos possíveis, resistindo à tentação de vender a imagem do presidente em todas as inaugurações, e que ter uma estrutura de marketing tão pesada na Câmara seja errada, mas João Cepa já se deve ter esquecido dos boletins de campanha encobertos que eram as edições do Farol de Esposende,  das centenas de fotos dele numa sala de uma instituição a inaugurar obras de requalificação que foram publicadas.  

E quando fala da desvalorização do passado, gostava que me mostrassem evidências da velha máxima política que diz que “os primeiros 6 meses culpas o antecessor e nos 6 meses seguintes mostras o que fizeste”, de como Benjamim Pereira maldisse João Cepa.
E por falar em feira de vaidades, João Cepa com certeza já se esqueceu do passeio dos idosos a Fátima em 2013 quando gastou quase 6000€ da Câmara em terços e mais 16.000€ em transportes no referido passeio em plena campanha eleitoral, um cómico final para o seu mandato.
Nada tenho contra João Cepa, como todos os autarcas fez coisas boas e coisas más, mas ser ex-autarca não lhe concede o lugar de “voz da consciência” de Esposende, nem lhe concede o lugar de senador do concelho que vive acima das críticas dos outros e por mais que escreva que não é candidato a nada e não quer protagonismo nada o contradiz mais do que as suas acções e fica a certeza de quanto mais ele falar do seu sucessor mais eu me lembrarei do que foram os seus 15 anos à frente do concelho e aí teremos muito para falar, e nem sempre pelas melhores razões.
O poder autárquico é como o avião, quando se perde nunca mais volta e se mesmo assim o quisermos apanhar é só para fazermos figuras tristes.

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