José Augusto Capitão, 32 anos, natural das
Marinhas, é gestor e reside em São Paulo, Brasil, onde trabalha.
Imagem: José Augusto Capitão, Brasil
Na cidade mais populosa do Brasil e centro financeiro da América Latina, fomos ao encontro deste jovem esposendense para conhecer um pouco da sua história e das suas impressões sobre o Brasil e Portugal, nunca esquecendo, claro está, a terra que o viu nascer e crescer.
José, há quanto tempo vives no Brasil?
Cheguei a São Paulo dia 1 de Fevereiro de
2012 para aquela que seria uma experiência pontual de 3 meses, auxiliando a
empresa onde ainda hoje trabalho no seu projecto de expansão no mercado
brasileiro. Algumas semanas mais tarde, surgiu a possibilidade de ficar por um
período mais alargado.
Como é que foi o impacto de teres passado
a residir numa cidade cuja população é maior do que o total de pessoas que
habitam Portugal?
Saí de Esposende com 18 anos rumo à
Invicta - o meu percurso académico desenrolou-se no Porto. Depois disto, tive
ainda a experiência de viver 3 anos em Lisboa por motivos profissionais. Se o
ritmo destas cidades é maior que o que temos em Esposende, posso dizer que São
Paulo espanta.
São quase doze milhões de pessoas concentradas numa floresta de
cimento, fileiras intermináveis de prédios, um horizonte de betão. Contudo, ao
final de algumas semanas, acabas por estabelecer as tuas rotinas, os teus
sítios, reencontras a normalidade.
A
dimensão da cidade e a sua diversidade oferecem-nos a possibilidade de
encontrar novos cantinhos a cada semana, o que é muito interessante.
Ao cabo dos primeiros meses a viver em
São Paulo, qual foi o acontecimento que te surpreendeu pela positiva e de que
não estavas à espera e, inversamente, qual foi a boa expectativa que levavas
para lá e que, afinal, veio a revelar-se uma desilusão?
São Paulo está bastante distante do
paradigma brasileiro que incorporamos em Portugal - não é uma cidade de praia,
não há o famoso “calçadão”, nem as paisagens que caracterizam os conhecidos bilhetes
postais.
A maior surpresa talvez tenha sido a
pluralidade de oferta que podemos encontrar na cidade. Fruto de diferentes
fluxos migratórios, São Paulo apresenta uma diversidade rara na oferta cultural
e gastronómica que, não tenho dúvidas, compete com as cidades mais
cosmopolitas.
A malha humana é diversa: emigrantes e descendentes portugueses, alemães, italianos, japoneses, libaneses (diz-se que há mais libaneses em São Paulo do que no Líbano!) e também brasileiros, de diferentes estados, que migram para Sampa em busca de novas oportunidades profissionais. Muitas tonalidades que enriquecem muito a cidade.
A malha humana é diversa: emigrantes e descendentes portugueses, alemães, italianos, japoneses, libaneses (diz-se que há mais libaneses em São Paulo do que no Líbano!) e também brasileiros, de diferentes estados, que migram para Sampa em busca de novas oportunidades profissionais. Muitas tonalidades que enriquecem muito a cidade.
Como desilusões, aponto duas: trânsito e
poluição. Ainda que seja uma mensagem comum sobre a cidade, só vivendo cá
conseguimos constatar a dimensão destes fenómenos.
O trânsito é constante praticamente 24 horas por dia, nos 7 dias da semana. A poluição está bem evidente no estado lastimável dos rios, no lixo que, não raras vezes, vemos acumulados nas ruas e na qualidade do ar, que em dias mais quentes se torna sufocante.
O trânsito é constante praticamente 24 horas por dia, nos 7 dias da semana. A poluição está bem evidente no estado lastimável dos rios, no lixo que, não raras vezes, vemos acumulados nas ruas e na qualidade do ar, que em dias mais quentes se torna sufocante.
Naturalmente que o choque com a realidade
e com a magnitude das favelas também tem de ser registado: é desoladora a sua
dimensão, é desoladora a quantidade de pessoas que vivem em condições
precárias.
É conhecido o jargão de brasileiros e
portugueses serem um povo irmão. Existe uma forte comunidade portuguesa em São
Paulo. Como é que é ser-se português no Brasil?
Para além da grande comunidade portuguesa
em São Paulo, que reúne agora elementos de duas grandes vagas de
emigração, é também muito frequente
encontrarmos descendentes de portugueses: brasileiros cujos pais, avós ou
bisavós vieram da “terrinha” (como costumam apelidar Portugal) à procura de
melhores oportunidades no Brasil.
Para nós a adaptação é bastante fácil:
falamos a mesma língua, há traços culturais e históricos que são comuns e
inegáveis, conhecemos os craques da bola, ouvimos a música e até as telenovelas
da Globo dão uma pequena ajuda! É fácil sentirmo-nos em casa no Brasil!
Os brasileiros são um povo acolhedor,
alegre, com o qual é fácil conviver e interagir. O tempo também nos ajuda a
perceber que existem muitas diferenças, à primeira-vista imperceptíveis, e com
as quais aprendemos a conviver.
De uma forma geral sinto-me muito bem
recebido pelos brasileiros e completamente adaptado ao país e à cultura.
Acredito que este sentimento se estende à maior parte dos portugueses que cá
vivem.
Conta-nos um pouco da tua actividade
profissional aí em São Paulo, na GRENKE Leasing.
Actualmente a minha posição é de Managing Director na GRENKE Brasil.
Desde o primeiro dia que o nosso projeto no Brasil se tem pautado por grandes
desafios.
Na Europa, e em particular em Portugal, criamos nos últimos anos a ilusão de que o Brasil é a terra de todas as oportunidades, não só para as empresas, como também para os jovens europeus, e, sendo verdade que as oportunidade aqui são grandes, não é menos verdade que as dificuldades em alcançar o sucesso são também evidentes.
Na Europa, e em particular em Portugal, criamos nos últimos anos a ilusão de que o Brasil é a terra de todas as oportunidades, não só para as empresas, como também para os jovens europeus, e, sendo verdade que as oportunidade aqui são grandes, não é menos verdade que as dificuldades em alcançar o sucesso são também evidentes.
O país tem graves problemas estruturais -
níveis de corrupção absurdos em todas as áreas da sociedade, um sistema educativo
precário com pouca qualidade (que dificulta a contratação de recursos
qualificados), grande atraso nas infra-estruturas e transportes públicos.
A GRENKE, enquanto empresa de origem
alemã, trouxe para o Brasil os mesmos
pressupostos de simplicidade nos processos que aplicamos na Europa, e isso
expôs-nos a dificuldades que não são comuns nos outros países em que
trabalhamos.
Vivenciamos um grande processo de aprendizagem e de adaptação, processo esse fundamental para que hoje possamos encarar o futuro com grande optimismo. Estamos agora mais próximos da realidade do país em que trabalhamos.
Vivenciamos um grande processo de aprendizagem e de adaptação, processo esse fundamental para que hoje possamos encarar o futuro com grande optimismo. Estamos agora mais próximos da realidade do país em que trabalhamos.
A Europa, apesar da diversidade dos
países que a compõem, acaba por ser muito homogénea. O Brasil, pelas suas
condições naturais, sociais, económicas e por estar num patamar de
desenvolvimento inferior tem-nos proporcionado desafios muito estimulantes, que
têm exigido o melhor de toda a equipa. Assim, posso afirmar que a experiência
profissional e as possibilidades de aprendizagem têm excedido largamente as
minhas expectativas.
Como a operação comercial da empresa
chega já hoje a vários estados brasileiros, a minha actividade profissional
permite-me ter contacto com diferentes realidades, o que se torna esta
experiência ainda mais enriquecedora.
As expectativas nos próximos anos passam
por continuar no Brasil ou o regresso a “casa” está no horizonte?
Voltar a casa é um objectivo que eu e a
minha esposa esperamos concretizar até ao final deste ano.
Reconhecemos estes últimos anos como uma fantástica experiência principalmente pela possibilidade de viajar e conhecer diferente contextos no Brasil e na América Latina, conhecer culturas diferentes, experienciar situações às quais, normalmente, não estamos expostos em Portugal.
Porém, o propósito da nossa estadia no Brasil sempre foi temporário. Estabelecemos como meta permanecer em São Paulo por 4 anos, o período temporal que, no nosso entender, reunia da melhor forma os proveitos pessoais e profissionais: permitiria contribuir de forma efectiva para o arranque e consolidação da empresa no Brasil e também nos daria a oportunidade de viajar e de conhecer um pouco melhor a América Latina.
Reconhecemos estes últimos anos como uma fantástica experiência principalmente pela possibilidade de viajar e conhecer diferente contextos no Brasil e na América Latina, conhecer culturas diferentes, experienciar situações às quais, normalmente, não estamos expostos em Portugal.
Porém, o propósito da nossa estadia no Brasil sempre foi temporário. Estabelecemos como meta permanecer em São Paulo por 4 anos, o período temporal que, no nosso entender, reunia da melhor forma os proveitos pessoais e profissionais: permitiria contribuir de forma efectiva para o arranque e consolidação da empresa no Brasil e também nos daria a oportunidade de viajar e de conhecer um pouco melhor a América Latina.
É também um objectivo nosso, um dia,
criarmos os nossos filhos no nosso país, perto dos nossos pais e dos nossos
amigos.
Regressaremos, certamente, muitas vezes
ao Brasil, mas Portugal é a nossa casa.
No final do ano passado ocorreram as eleições presidenciais no Brasil.
Acompanhaste de perto a campanha? Houve algum candidato cujo slogan te tenha
feito rir?
Obriguei-me a acompanhar a campanha
eleitoral, pois os três principais candidatos - Dilma Roussef, Aécio Neves e
Marina Silva - tinham propostas muito diferentes para o país, que influenciavam
fortemente o quotidiano de quem cá vive.
Entendo quando perguntas pelo “slogan que faz rir” e, na verdade, não posso esconder que por várias vezes soltei gargalhadas. No entanto, este humor ignorante ou inocente é sintomático da falta de preparação demonstrada por candidatos à presidência da república de uma das economias de quem mais se espera no mundo, nos próximos anos.
Entendo quando perguntas pelo “slogan que faz rir” e, na verdade, não posso esconder que por várias vezes soltei gargalhadas. No entanto, este humor ignorante ou inocente é sintomático da falta de preparação demonstrada por candidatos à presidência da república de uma das economias de quem mais se espera no mundo, nos próximos anos.
Um dos aspectos mais comentados na
campanha prendeu-se com o desaceleramento da economia brasileira. Como
agente económico, é assunto para ocupar a agenda mas não preocupar, ou já se
está, realmente, na fase de alerta laranja?
Desde que o poder está entregue ao PT,
primeiro com os dois mandatos do presidente Lula da Silva e agora com a
presidente Dilma Roussef a iniciar o segundo mandato, falta um norte à política
económica do país.
Os mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso trouxeram inicialmente estabilidade e, posteriormente, um interessante dinamismo à economia que forma depois complementados pelas políticas sociais do presidente Lula da Silva. Hoje sente-se uma falha na definição de uma estratégia sustentada de desenvolvimento para o país.
Os mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso trouxeram inicialmente estabilidade e, posteriormente, um interessante dinamismo à economia que forma depois complementados pelas políticas sociais do presidente Lula da Silva. Hoje sente-se uma falha na definição de uma estratégia sustentada de desenvolvimento para o país.
Nos últimos anos o crescimento do país
assentou quase exclusivamente no consumo com transferências de rendimentos,
através de programas sociias como o “Bolsa Família” e o “Minha Casa, Minha Vida”
a levarem poder de compra aos mais desfavorecidos.
Um país que tem uma das taxas de juro mais elevadas do mundo, que vive constantemente com o fantasma da inflação e que tem grandes desafios estruturais precisa de encontrar modelos de desenvolvimento que lhe permita atingir o potencial que o mundo lhe reconhece.
A situação actual é de grande desconfiança nos actuais governantes (muito ligados a grandes escândalos de corrupção) e nas suas políticas. Muitas empresas diminuíram a exposição ao mercado Brasileiro e a procuram oportunidades noutros países.
Esta encruzilhada em que o país se encontra justifica o pessimismo com que os analistas vaticinam os próximos anos da economia brasileira.
Um país que tem uma das taxas de juro mais elevadas do mundo, que vive constantemente com o fantasma da inflação e que tem grandes desafios estruturais precisa de encontrar modelos de desenvolvimento que lhe permita atingir o potencial que o mundo lhe reconhece.
A situação actual é de grande desconfiança nos actuais governantes (muito ligados a grandes escândalos de corrupção) e nas suas políticas. Muitas empresas diminuíram a exposição ao mercado Brasileiro e a procuram oportunidades noutros países.
Esta encruzilhada em que o país se encontra justifica o pessimismo com que os analistas vaticinam os próximos anos da economia brasileira.
Como é que definirias o típico
«paulistano», desde o colega de trabalho, passando pela pessoa que te atende
num café ou serviço público?
Os paulistas, tal como os brasileiros em
geral, são pessoas bem dispostas, alegres ,que valorizam o convívio e o chopp no final de um dia de trabalho.
Como São Paulo é um centro económico, não só do Brasil, como de toda a América do Sul, nota-se um ritmo de vida mais intenso comparativamente à generalidade de outras cidades brasileiras.
O padrão de vida aqui é mais próximo dos padrões europeus e existe uma maior pressão para o sucesso e para o crescimento profissional, o que acaba por ser menos comum noutras regiões do Brasil.
Como São Paulo é um centro económico, não só do Brasil, como de toda a América do Sul, nota-se um ritmo de vida mais intenso comparativamente à generalidade de outras cidades brasileiras.
O padrão de vida aqui é mais próximo dos padrões europeus e existe uma maior pressão para o sucesso e para o crescimento profissional, o que acaba por ser menos comum noutras regiões do Brasil.
Como é que se ocupam
os tempos livres em São Paulo?
Apesar de as praias mais próximas
distarem não mais que 80 km da capital paulistana é muito difícil viajar para
um fim-de-semana na praia.
Não é raro ouvirmos relatos ou experienciarmos viagens de ida de 4 horas à sexta-feira e outras tantas horas para o regresso ao domingo. Tenho presente um colega português que, certo dia, na véspera de um fim-de-semana prolongado, demorou mais de 8 horas a percorrer estes 80 km. Isto justifica-se pelo intenso fluxo de pessoas que procuram sair da cidade sempre que surge uma oportunidade.
Não é raro ouvirmos relatos ou experienciarmos viagens de ida de 4 horas à sexta-feira e outras tantas horas para o regresso ao domingo. Tenho presente um colega português que, certo dia, na véspera de um fim-de-semana prolongado, demorou mais de 8 horas a percorrer estes 80 km. Isto justifica-se pelo intenso fluxo de pessoas que procuram sair da cidade sempre que surge uma oportunidade.
Curiosamente é nestas alturas que a
cidade se apresenta mais agradável. Há uma grande oferta cultural com museus,
concertos, festivais e teatro. A nível gastronómico a cidade tem uma riqueza
ímpar e é possível experimentar comida de qualquer parte do mundo, praticamente
24 horas por dia. Não podemos esquecer os tradicionais botecos onde se partilha
cerveja em rodas de samba ou de forró.
Há também uma grande promoção do desporto
e actividade física com diversas ruas e avenidas parcialmente fechadas aos
fins-de-semana e feriados para que as pessoas possam aproveitar para correr ou
andar de bicicleta.
O Parque Ibirapuera, um emblema da cidade, oferece uma excelente alternativa à praia. Diariamente encontramos famílias a conviver, a praticar desporto ou só a aproveitar o sol, que é uma constante na cidade.
O Parque Ibirapuera, um emblema da cidade, oferece uma excelente alternativa à praia. Diariamente encontramos famílias a conviver, a praticar desporto ou só a aproveitar o sol, que é uma constante na cidade.
Fizeste parte da
Banda de Antas. Como é que vai a música no meio dos afazeres profissionais?
A música sempre teve uma grande influência não só em mim mas em toda a minha família por herança do meu avô materno mas, nesta fase, sou apenas um ávido consumidor!
Já tens algum
«time» no Brasil? Já foste ao Morumbi ou ao Arena Corinthians?
Sou um adepto ferrenho do Futebol Clube
do Porto, com quase tantas saudades do Estádio do Dragão, como de casa. Não me
sobra muito espaço para paixões passageiras por clubes brasileiros.
Acabo por “torcer” pelos clubes dos amigos que temos cá em São Paulo principalmente pelo Corinthians e pelo São Paulo. Já estive no Pacaembu (estádio municipal de São Paulo) a ver um Corinthians - Flamengo e, ao ter a oportunidade de acompanhar ao vivo a participação de Portugal na Copa do Mundo, visitei também a Arena Amazónia (Manaus), a Arena Fonte Nova (Salvador) e o Estádio Nacional Mané Garrincha (Brasília).
Acabo por “torcer” pelos clubes dos amigos que temos cá em São Paulo principalmente pelo Corinthians e pelo São Paulo. Já estive no Pacaembu (estádio municipal de São Paulo) a ver um Corinthians - Flamengo e, ao ter a oportunidade de acompanhar ao vivo a participação de Portugal na Copa do Mundo, visitei também a Arena Amazónia (Manaus), a Arena Fonte Nova (Salvador) e o Estádio Nacional Mané Garrincha (Brasília).
José, na experiência de quem reside no Brasil há alguns anos e em São Paulo, consegues encontrar uma explicação para Portugal ter tido uma prestação miserável no último Mundial?
Acho que mais do que discutir questões técnicas ou tácticas, que foram muito esmiuçadas por “especialistas”
durante e após o campeonato, importa-me destacar a grande oportunidade perdida
para interagir com a comunidade portuguesa que aqui se encontra e também com o
povo brasileiro que, na sua maioria, demonstrou um grande carinho pela nossa
selecção e que, em alguns casos, até a adoptou como “segunda equipa”.
Países
como a Holanda e a Alemanha criaram uma dinâmica fantástica com as cidades e
com as comunidades por onde passavam, enquanto que Portugal permaneceu isolado
em hotéis e centros de estágio.
Considerando a grande afinidade entre os dois países acaba por ficar alguma mágoa, mais pela oportunidade desperdiçada de nos envolvermos no espírito do campeonato do que pela pobreza do resultado desportivo obtido.
(No Portugal/Gana do Mundial 2014 - foto José Augusto Capitão)
Considerando a grande afinidade entre os dois países acaba por ficar alguma mágoa, mais pela oportunidade desperdiçada de nos envolvermos no espírito do campeonato do que pela pobreza do resultado desportivo obtido.
Quais são as principais diferenças que
notas entre Portugal e o Brasil?
As diferenças entre os dois países ficam
bem expressas nos estilos musicais que cada país adoptou: se Portugal é Fado, o
Brasil é Samba.
As pessoas cá são mais alegres, mais extrovertidas apesar de, na minha opinião, as relações inter-pessoais serem menos estruturadas e menos honestas.
Em termos de qualidade de vida e, apesar da incrível beleza e diversidade natural que encontramos no Brasil, não tenho dúvidas que Portugal está muitos degraus acima. O nível de conforto e de qualidade que um português de classe média tem acesso, é ainda uma miragem no Brasil.
As pessoas cá são mais alegres, mais extrovertidas apesar de, na minha opinião, as relações inter-pessoais serem menos estruturadas e menos honestas.
Em termos de qualidade de vida e, apesar da incrível beleza e diversidade natural que encontramos no Brasil, não tenho dúvidas que Portugal está muitos degraus acima. O nível de conforto e de qualidade que um português de classe média tem acesso, é ainda uma miragem no Brasil.
Que visão têm os brasileiros sobre
Portugal e os portugueses?
Do meu ponto de vista não podemos falar
em uma, mas sim duas visões: há uma grande percentagem de brasileiros que ainda
associa Portugal à “terrinha”, às senhoras com bigode, um país pequeno e pobre,
perdido em tristezas.
Depois há um grupo crescente de pessoas
que conhece melhor o país e que se encanta com a simpatia das gentes, com a
riqueza das tradições e com a nossa história. Acho que esta também é uma
consequência da grande evolução que Portugal sofreu nos últimos nos últimos 30
anos - mesmo para a nossa geração, o país de que os nossos avós ou país nos
falam está muito distante daquele que nós conhecemos.
É, portanto, natural que os estrangeiros que conheceram Portugal há 3 ou 4 décadas ou que conheceram os emigrantes desse tempo tenham uma visão completamente desfasada do que o nosso país oferece hoje.
Sempre que posso promovo o nosso país junto dos nossos amigos brasileiros e é com satisfação que vejo que, aqueles que tiveram oportunidade de o visitar, falam de Portugal com muita admiração e muito carinho.
Mesmo a crise de que tanto nos queixamos é para os brasileiros quase um motivo de troça: amigos brasileiros que voltam de visitas a Portugal repetem exaustivamente que importavam, com muito agrado, a crise de Portugal para o Brasil.
É, portanto, natural que os estrangeiros que conheceram Portugal há 3 ou 4 décadas ou que conheceram os emigrantes desse tempo tenham uma visão completamente desfasada do que o nosso país oferece hoje.
Sempre que posso promovo o nosso país junto dos nossos amigos brasileiros e é com satisfação que vejo que, aqueles que tiveram oportunidade de o visitar, falam de Portugal com muita admiração e muito carinho.
Mesmo a crise de que tanto nos queixamos é para os brasileiros quase um motivo de troça: amigos brasileiros que voltam de visitas a Portugal repetem exaustivamente que importavam, com muito agrado, a crise de Portugal para o Brasil.
Como é que se olha
para Esposende a partir de São Paulo?
O Miguel Esteves Cardoso escreveu, creio
que no Público, há uns anos atrás um texto a que chamou “Desculpa lá dizer-te
isto, Portugal, mas amar-te é coisa simples” com o qual me identifico muito e
que creio que responde a esta pergunta de uma forma que as minhas palavras não
conseguiriam.
Sou orgulhosamente de Rio de Moinhos, Marinhas, Esposende, apesar de nos últimos anos (e muito provavelmente também em muitos dos próximos) me ter tornado mais um visitante e menos um morador.
Estando fora do nosso país, longe dos nossos sítios e das nossas pessoas acabamos por aprender a valorizar mais o que realmente importa e, não tenho dúvidas, que do Brasil levamos também uma nova forma de gostar da nossa casa.
Sou orgulhosamente de Rio de Moinhos, Marinhas, Esposende, apesar de nos últimos anos (e muito provavelmente também em muitos dos próximos) me ter tornado mais um visitante e menos um morador.
Estando fora do nosso país, longe dos nossos sítios e das nossas pessoas acabamos por aprender a valorizar mais o que realmente importa e, não tenho dúvidas, que do Brasil levamos também uma nova forma de gostar da nossa casa.
À sua escala, que
prática (s)/medida (s) de bom que encontras em São Paulo, com base nos lugares onde
viveste e que achas que poderia muito bem vir a ser aplicada em Esposende,
à sua dimensão?
Sem dúvida que as happy-hours! É prática habitual entre os paulistanos juntarem-se ao
final de do dia para beberem umas cervejas e conviverem com os colegas de trabalho
ou com os amigos.
Um hábito de convívio social muito mais intenso do que o existente Portugal e transversal a todas as idades.
Naturalmente que essa prática é potenciada pelo bom tempo que se faz sentir praticamente durante todo o ano, mas sabemos que também é um hábito frequente noutros países europeus.
Um hábito de convívio social muito mais intenso do que o existente Portugal e transversal a todas as idades.
Naturalmente que essa prática é potenciada pelo bom tempo que se faz sentir praticamente durante todo o ano, mas sabemos que também é um hábito frequente noutros países europeus.
Sendo o Brasil um
autêntico continente, que destinos fantásticos é que já tiveste oportunidade de
aí conhecer?
Já visitamos o Rio de Janeiro várias
vezes e é uma cidade que adoramos!
Destacaria também Florianópolis, Porto
Alegre, Belo Horizonte, Brasília, Manaus (a experiência de visitar a Amazónia é
fantástica e inesquecível), São Salvador da Bahia… Planeámos ainda algumas
viagens para este último ano no Brasil!
(No mítico carnaval do Rio de Janeiro - foto José Augusto Capitão)
(Passagem de ano do Rio de Janeiro - foto José Augusto Capitão)
Há um destino que nos apaixonou e que
fazemos questão de apresentar a quem nos visita: Paraty, uma pequena cidade que
fica a meio caminho entre São Paulo e o Rio de Janeiro e que foi um dos
principais portos exportadores de ouro do Brasil para Portugal.
Ainda hoje, as ruas e as casas do centro histórico conservam a pedra original da sua construção trazida de Portugal. Trata-se de uma cidade pequena, isolada, com uma excelente oferta de restaurantes e pousadas e uma beleza natural incrível: são mais de 50 ilhas, dezenas de praias só acessíveis por trilhas ou barco, cachoeiras de uma beleza ímpar. É possível mergulhar com peixes, com golfinhos e com tartarugas. Fica perto de Ilha Grande e Angra dos Reis que são também destinos fantásticos, sendo esta uma área geográfica que reúne muito do melhor que o Brasil tem para oferecer.
Ainda hoje, as ruas e as casas do centro histórico conservam a pedra original da sua construção trazida de Portugal. Trata-se de uma cidade pequena, isolada, com uma excelente oferta de restaurantes e pousadas e uma beleza natural incrível: são mais de 50 ilhas, dezenas de praias só acessíveis por trilhas ou barco, cachoeiras de uma beleza ímpar. É possível mergulhar com peixes, com golfinhos e com tartarugas. Fica perto de Ilha Grande e Angra dos Reis que são também destinos fantásticos, sendo esta uma área geográfica que reúne muito do melhor que o Brasil tem para oferecer.
Ao voltar a Esposende
qual é aquele lugar a que apetece sempre voltar?
Gosto muito da marginal de Esposende, das
recordações de infância que a praia de Rio de Moinhos me traz, mas subir ao
monte da Senhora da Paz e ouvir um pouco desse silêncio e dessa tranquilidade
é, sem dúvida, um dos momentos mais felizes de qualquer visita a Esposende!
Gostava de finalizar parabenizando-te por
esta iniciativa de dar voz aos Esposendenses que se encontram espalhados pelo
Mundo e deixar votos de
que o meu testemunho permita, a quem o ler, conhecer um pouco melhor São Paulo
e também o Brasil.
Esposendenses pelo Mundo” é uma rubrica que pretende dar a conhecer os “esposendenses” espalhados pelos 4 cantos do mundo, partilhando as suas impressões sobre os novos lugares que habitam, os povos e culturas com quem convivem, e o seu olhar sobre a terra que os viu nascer e crescer.
Se conheces algum “esposendense” espalhado pelo mundo, ou se és tu próprio um “esposendense” espalhado pelo mundo, e gostasses de ver a sua/tua história aqui partilhada, escreve para largodospeixinhos@gmail.com, com indicação do nome, país e contacto de e-mail ou FB.
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