quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Análise ao candidato: Benjamim Pereira.

Fazer a análise de uma candidatura de um candidato que sempre tentou não ser político é algo complicado mas sempre possível, e não sou daqueles que pensa que não ser político é uma qualidade . 

Benjamim Pereira levou o seu mandato com o registo de um político pouco político, usou do silêncio para deixar a oposição a falar sozinha mas destas eleições vai sair uma oposição política em todos os órgãos autárquicos o que o obrigará  a ser um político e esta é a altura para a sua transformação.

Nunca houve um presidente da Câmara com uma tal oposição opinativa e o seu silêncio quase sempre foi visto como um sinal de franqueza. Enquanto escrevo estas palavras as redes sociais inundam-se de comentários sobre como as cartas de apoio a Benjamim Pereira dizem de uma forma taxativa que João Cepa é muito melhor presidente do que ele. Querem um melhor exemplo? Penso que não seja necessário. 

Considero que em termos mediáticos a sua campanha foi bi-polar e faltaram limar algumas arestas para a tornarem na melhor máquina de propaganda destas eleições, faltou por vezes ser mais político.

Não nos brindou com a habitual última semana carregada de inaugurações que caracterizava os últimos dias de campanha dos seus antecessores do PSD que estiveram no comando da Câmara Municipal e que nos deixou momentos memoráveis como a inauguração do Largo dos Peixinhos no último dia de campanha para ser posto novamente em obras passado pouco tempo ou a interrupção no último dia de campanha das obras da construção do monumento de homenagem ao Homem do Mar para não influenciar os eleitores.Aproveitou as inaugurações e o lançamento da 1ª pedra efectuadas até ao mês de Agosto nas obras e requalificações levadas a cabo podendo assim expor-se à crítica num período em que essas críticas ainda não afectariam muito a sua imagem. Uma boa jogada táctica.

Aposta claramente na máquina do partido e nas suas representações nas freguesias para mobilizar o seu eleitorado quer em termos publicitários quer em termos de acção de rua e de eventos que desta vez contaram com duas incursões por eventos festivos, a "sexta das mulheres" e a festa da JSD, um tipo de eventos que nas campanhas eleitorais me parecem uma casca de banana: um pequeno deslize e dá-se um grande trambolhão.

A presença nas redes sociais fez-se sentir demasiado tarde, o que poderia dar uma ideia de uma certa desmobilização por parte dos seus apoiantes e ainda não tenho na minha caixa de correio o exemplar impresso do seu programa eleitoral o que poderia ser lido como sobranceria da sua parte.  

E esta é uma situação que não teria muita razão de ser. É dos poucos que elabora um conjunto de vídeos com os seus elementos de lista falando no que os leva a apoiar Benjamim Pereira e dos poucos, senão o único, que faz um acompanhamento das maiores acções de campanhas em vídeo, momentos em que Benjamim Pereira têm claramente mais à vontade. O seu site é o que melhor está elaborado e os vídeos de apresentação da campanha são de longe os melhores elaborados e nota-se o toque profissional até no hino que foi composto de propósito para Esposende, de eficácia discutível mas mesmo assim algo raro. 

Nos tempos que correm não só é preciso ter meios de divulgação das nossas ideias como é necessário fazer a publicidade certa na altura certa e é para isso que existem as máquinas de propaganda.

Um dos argumentos dos seus detractores foi o da fraca representatividade de mulheres e de caras jovens o que olhando para as suas listas vemos que isso não é totalmente verdade, até Alexandra Roeger é a vice-presidente da lista, mas faltou essa contra-argumentação da sua máquina de propaganda o que demonstra que para além dos meios temos de ter a reacção no tempo certo, tendo a máquina de propaganda muitas vezes deixado transparecer que ainda era uma máquina pesada. É preciso ser político nestas coisas.

Curiosamente, olhando para o seu programa eleitoral já vemos uma alma de político autárquico da nova geração. 

Utiliza muitas vezes os verbos "reforçar", "terminar","continuar", "reivindicar" sobre diversos temas não fugindo ao verbo "construir", mas neste caso sempre aplicado a médias e pequenas obras o que demonstra que sabe que os tempos que ai vêem não são certos nem como o dinheiro que o Estado central vai distribuir pelas autarquias. Retenho como propostas mais inovadoras o incentivo do desporto feminino no concelho, a criação de uma Livraria Municipal,transformar Esposende numa capital do Kite-surf, promover a existência de bares de animação da zona ribeirinha e a criação de um plano municipal para a juventude e esse nirvana da política esposendense dos últimos 20 anos, a abertura de um estabelecimento de Ensino Superior.

Por ventura existem partes do seu programa que necessitariam de maior vigor e que demonstram que a sua veia de política ainda necessita de crescer.

Falta claramente uma grande obra, que não o Parque da Cidade, para marcar o seu mandato e para marcar um ciclo em Esposende. Falta uma aposta forte e pensada na recuperação do centro da cidade de Esposende ou de qualquer outra zona devoluta do concelho, não se fala na recuperação de nenhum dos hóteis devolutos do concelho nem na orientação específica do turismo de Esposende para algum mercado específico, não se fala numa solução para a marina de recreio de Esposende e o seu aproveitamento, fala na requalificação da zona industrial em termos ambientais e de espaços verde em vez do seu aumento e dinamização, entre outras.

A não incidência do seu programa eleitoral sobre os assuntos económicos e da criação de emprego será a maior dessas falhas, já que esse foi um dos argumentos mais utilizados pela oposição durante o  seu mandato e que ele não atacou devidamente nesta 2ª corrida.,

A falta de empregos que permita a fixação das pessoas em Esposende é a mãe de todos os males da vida esposendense e o que nos impede sempre de poder chegar a outros patamares de desenvolvimento, uma espécie de pobreza histórica que nos persegue década após década. Não é um problema que nasceu com Benjamim Pereira mas é um problema que lhe cabe a ele resolver e que seria um cunho do seu mandato.

No final de contas Benjamim Pereira terá de perceber que ser Presidente da Câmara é um cargo político e para o levar a bom porto terá de ser político também.

Tenho dito.

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