quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Análise ao candidato: João Cepa.

Devido ao seu passado e à sua conduta nos últimos anos é sempre difícil separar o ex-autarca do cidadão, o cidadão do candidato, o ex-autarca do candidato e esse problema de identidade afecta toda a sua candidatura, problemas esses que começaram no dia 19 de Agosto de 2014, dia do Município de Esposende e da sua condecoração com a Medalha de Mérito Municipal.

Ser o seu pai a receber por ele a maior distinção que este concelho lhe pode conceder por "motivos profissionais inadiáveis" e tentar à posteriori fazer disso uma homenagem ao seu pai só poderá visto como um problema de identidade, certo? Todos secretamente concordarão que sim. 

João Cepa apostou numa lista constituída maioritariamente por gente jovem,o mais heterogénea possível com elementos oriundos de quase todos os partidos o que lhe permite acompanhar a vaga das listas independentes e trazer caras novas à política esposendense. Apostou também forte na presença feminina  para ter uma lista ainda mais diferenciada do PSD, que muitos acusaram de ter apenas constituída por homens de uma certa idade, e assim trazer ainda mais caras novas à política, algo que se revelou uma aposta sagaz mas que também é uma tentativa de agradar a todos, algo que será muito complicado de concretizar se tiver de formar executivo.

Conseguiu também juntar algumas figuras de peso com experiência autárquica vindas da área do PS, como José Felgueiras e João Nunes e conseguiu chamar a si o vereador com maior projeção no executivo de Benjamim Pereira, Rui Pereira. Este elenco heterogéneo e com obra feita no terreno permitiu-lhe numa primeira fase colmatar em termos de debate público o seu calcanhar de Aquiles: a não representatividade em todas as freguesias. E isso não é tão fácil quanto parece.

Mas alguns problemas de identidade também se manifestaram na máquina de propaganda. 

Olhando para a brochura do seu programa eleitoral e para os seus cartazes vemos algumas fotos dos seus tempos como autarca, não havendo uma nova imagem para o João Cepa candidato, o que seria um claro corte com o passado e um sinal do novo ciclo, mas que acaba por aparentar uma continuação de 2013, uma das mensagens fortes da sua campanha. 

Depois de 4 anos de críticas a Benjamim Pereira nas redes sociais como cidadão, a sua aposta como candidato foi também quase em exclusivo nas redes sociais num processo que visou claramente uma difusão maciça dos slogans, do símbolo, das mensagens de apoio dos elementos da lista e de uma mediatização das suas acções de campanha via redes sociais que até deu origem à selfie diária do candidato. Deambulando entre uma estratégia de vitimização ou uma posição ao estilo do Provedor do Esposendense, não resiste a fazer uso das obras feitas no seu mandato para o seu vídeo de apresentação mas não foram argumentos muito utilizados na campanha, protegendo-se assim de críticas relativamente da apropriação do mérito das obras do concelho. O conhecimento e entrosamento da juventude da sua lista com as redes sociais foi uma aposta ganha, tendo a lista ganho uma aparente amplitude de presença na sociedade que supera claramente todas as outras candidaturas. 

Mas onde mais se notou os seus problemas de identidade foi no seu programa eleitoral.

Se a sua experiência de 15 anos como autarca lhe permite ter um conhecimento do concelho como poucos, verdade é que algumas das propostas do seu programa eleitoral parecem saídas de um cidadão que se candidata pela 1ª vez. 

Dá grande importância às propostas no campo da necessidade de termos mais eventos de cariz económico em Esposende, tentando atrair ao concelho os potenciais investidores e dinamizando com o aligeiramento de processos burocráticos os pedidos específicos de cada um dos potenciais investidores, algo que francamente está esquecido em Esposende e que carece de muita maior atenção por parte dos nossos autarcas.Também existe um grande foco sobre questões sociais e de apoio à terceira idade, algo que no nosso concelho será certamente um assunto central nos tempos próximos e que carecerá do apoio das instituições oficiais e IPSS's para ser resolvido.

Mas existem outras propostas que são francamente difíceis de compreender.

Desde o Pavilhão Municipal ao Centro de Artes e Espectáculos, passando pelo apoio a tudo o que seja reconstruções, novas construções sociais e de expropriações das casas devolutas e terrenos,passando pela construção das novas variantes rodoviárias, da construção de um novo Mercado Municipal até à construção do do novo Conservatório de Esposende, entre outras.

Concordo que algumas destas obras serão precisas mas é notório que o candidato João Cepa quer que fique a sensação que estas necessidades não eram necessidades em 2009 quando o ex-autarca João Cepa foi pela 3ª vez eleito, e tendo ele contado com a maior vaga de dinheiros públicos de sempre em Esposende fica sempre a pergunta de como isto será alcançável no futuro com apoios públicos mais reduzidos pelo candidato João Cepa.

Mas o maior exemplo do seu problema de identidade será a proposta do candidato João Cepa de uma nova zona industrial com gestão autárquica, para que não se torne num lugar de especulação e de negócio de pavilhões industriais como aquela que agora existe , aquela que o ex-autarca João Cepa criou em 2004 e que poderia ter gerido no seu 2ª e 3º mandato até 2013 altura em que passou a ser apenas o cidadão João Cepa.  


Tenho dito.

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