sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Análise ao candidato: Manuel Carvoeiro.

 A CDU continua igual a si própria e é isso que a faz resistir a todas as Quedas do Muro de Berlim desta vida.

 A CDU joga uma cartada forte nestas eleições quer a nível nacional, regional e também local e isso reflete-se nos cuidados com a escolha dos candidatos e com o tipo de campanha que têm feito.
Existe um novo ímpeto na máquina autárquica da CDU, vendo uma hipótese de secundar o Bloco de Esquerda em termos de implementação nacional e ser novamente um parceiro incontornável para o PS para o obrigar a negociar com a CDU as mais diversas medidas, e esse ímpeto foi dado pela vitória em Loures.

 Por muito que isto custe aos políticos paladinos do "economês" e conhecedores dos "negócios" e da "indústria", o concelho com o salário médio mais elevado e maior taxa de população licenciada em todo o Portugal é gerido pela CDU.

Em Esposende, e dada a situação do PS, a CDU têm uma boa hipótese de tomar as rédeas da esquerda e marcar o passo no que toca à oposição ao executivo de centro-direita que governará Esposende podendo assim tornar a concelhia num importante foco na distrital.  A CDU aposta forte na conquista de 2 vereadores em Braga e reforço de votação no Porto, o que para isso não deve ser alheia o descontentamento geral de uma boa parte da população que não se vê representada e defendida nos seus mais básicos direitos e que viu parte do seu emprego desaparecer com o afundamento da construção civil e indústria falida, aqueles para os quais o milagre económico do sacrossanto turismo do Norte ainda não chegou.

 A presença mais assídua de elementos da distrital de Braga em ações de campanha daria toda uma outra amplitude à candidatura e a destacaria das outras candidaturas já que mais uma vez parece que os partidos nacionais se esqueceram das nossas concelhias. Sugeriria a presença mais frequente de Agostinho Lopes, um dos poucos deputados em Portugal que ainda consegue articular um pensamento ideológico de forma interessante e cativante.

 Mas o voto no PCP, ou na CDU, nunca é fácil, é sempre um voto complicado para muitos, é  necessariamente um voto cultural, de resistência e luta constante, conhecedor e defensor da história a que os PC's estão intrinsecamente ligados, quase granítico nos seus princípios básicos, de defesa dos direitos que podem ou não estar na moda e acima de tudo um voto no "todo" e não apenas no candidato. Para os menos conhecedores é sempre mais fácil votar no Marinho e Pinto ou numa lista de independentes que esteja a cavalgar a opinião corrente.

E isso reflete-se na campanha e nas pessoas que ela integram.

 A campanha da CDU-Esposende é claramente aquela que menos recursos têm, nos dias antes do arranque da campanha era possível ver Manuel Carvoeiro e Pedro Meira a colarem cartazes durante a madrugada não para a fotografia mas para a campanha em si, algo que poucos cabeças de lista o poderão dizer, mas é a mais autêntica em termos de entusiasmo dos participantes já que dificilmente existe o arrastar de pessoas para as ruas para fazer número. Seria necessário uma maior presença nas redes sociais, mais atempadamente para conseguir um efeito de dispersão de ideias e de medidas mais eficaz e substituir os cartazes por brochuras ou folhetins que têm maior impacto na população. 

 Manuel Carvoeiro será no atual panorama político esposendense o homem que mais campanhas têm nas pernas e isso não é tão descartável como possa parecer. Vivendo da vontade e do ânimo dos seus líderes e dos seus apoiantes que eleição após eleição dizem "Presente!" a este combate na mais genuína filosofia preconizada por Lenine : A luta do proletariado apenas será vencida com um partido uno como um exército e assente numa disciplina férrea!

 Palavras antiquadas dirão alguns, desenquadradas com a realidade dirão outros, mas olhando para o nosso panorama político local direi que são palavras que exigem honra, nobreza de carácter, coluna vertebral moral algo que certamente não é para todos os que estão na política neste momento não sendo por acaso que o PCP foi aquele partido que menos desertores teve para a lista de João Cepa, se é que teve algum. Não houve muitas reconsiderações, muitas novas visões, muitos novos desafios, muitos novos ciclos, muitos apelos, muitas correntes ou bater com a porta como noutros. Sem fazer grandes alarmes olhamos para as listas da CDU e verificamos que a proporção entre homens e mulheres nada fica a dever a outras listas que fizeram disso uma disputa. 

 E esta forma de estar vê-se no seu programa eleitoral, um programa curto, seco e orientado às necessidades básicas nem sempre sonantes e populares na espuma dos dias.

 Não vemos grandes obras, grande gastos de cimento, grandes intenções de projetos, o grandes intenções de propostas de cooperação a entidades e isso dá um sentimento de maior realidade e veracidade a um programa eleitoral.

 A medida que mais me ficou na retina foi a continuidade na revindicação do alargamento do Metro do Porto até Esposende, naquele que seria um salto qualitativo na vida de muitos esposendenses e que é uma luta esquecida pelos concorrentes à direita sabendo da derrota certa. Outras propostas interessantes são a de equivaler o acesso dos habitantes de Esposende ao Hospital de Viana do Castelo e de Barcelos como os habitantes desses mesmos concelhos e a de potenciar a recuperação das fachadas dos prédios e casas dos centros urbanos do concelho como forma de recuperação urbana sem ceder à tentação do betão. 

 Como lado mais negativo teria de apontar a necessidade de maior acutilância nas propostas referentes ao comércio e indústria e sobre o trabalho, um dos terrenos prediletos da CDU e onde o concelho carece de ação e de dinamismo e onde todos os ganhos são sempre um trunfo válido. 

 Não é fácil ser um elemento do PCP num concelho maioritariamente de direita quanto mais ser um vereador do PCP num concelho de maioria de direita há décadas e Manuel Carvoeiro deve saber bem isso.

Tenho dito.


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